Uma
exposição, essencialmente, brasileira. É com essa proposta que Dani Tranchesi
ocupa, até março de 2025, o segundo andar do Museu da Fotografia Fortaleza
(MFF). SEJA O QUE DEUS QUISER tem curadoria e crônicas de Diógenes Moura e faz
parte da programação satélite do Solar Foto Festival. A abertura será neste
sábado (07/12), a partir das 11h, seguida de conversa com fotógrafa e curador,
às 13h. Programação gratuita.
Primeira
exposição individual de uma mulher no Museu da Fotografia Fortaleza, SEJA O QUE
DEUS QUISER conta com cerca de 80 fotos de manifestações populares no Distrito
Federal e estados da Bahia, Ceará, Goiânia, Maranhão, Pará e Pernambuco. A
mostra resulta de um sério trabalho de pesquisa, realizado por Dani Tranchesi,
Diógenes Moura e equipe, ao longo de seis anos em viagens Brasil adentro..
Diógenes
Moura, que assina curadoria e crônicas da exposição, reforça que não é uma
exposição sobre fé. SEJA O QUE DEUS QUISER mostra tradição, resistência e
celebrações. “É um projeto sobre memórias, sincretismo, transe, o que sangra, o
que nos incomoda e os modismos diante do sagrado”, explica.
Sem a
pretensão de um registro definitivo, a fotógrafa tenta tirar a estranheza de
cenas carregadas de ancestralidade e devoção. Seu olhar curioso captura imagens
fora do que costumamos entender como a cena principal, documenta a verdade e,
por isso, emociona. “Sempre me interessei pelo outro, pelas paisagens onde o
homem é seu próprio semelhante, pelos reflexos da vida cotidiana, pelas cidades
por dentro e por fora, pela existência de maneira empática e generosa”, afirma
Dani Tranchesi.
Ao
revelar o entorno social, SEJA O QUE DEUS QUISER observa cenas da vida
cotidiana. Entre muitos pedidos e promessas, mostra que os que participam por
tradição familiar, pelos encontros que a festa proporciona ou ainda para ganhar
um dinheiro com venda de comidas e bebidas. Nesse sentido, a exposição desperta
também a reflexão sobre a intervenção do público visitante, como os celulares
durante a novena de Padre Cícero e as baladas dentro da Festa de Iemanjá.
SOBRE
DANI TRANCHESI
Formada
em Comunicação na Escola Superior de Propaganda e Marketing, Dani Tranchesi
trabalha entre o limite do que lhe pertence e do que pertence ao ‘outro’, entre
o que pode ser considerado comum e o que chamamos de inusitado.
Esta é
sua quarta exposição individual com a curadoria de Diógenes Moura. Antes,
realizou a mostra Mirabilandia, que reuniu registros sobre o universo lúdico e
único dos parques de diversões brasileiros, e o projeto 3 é 5, que mostrou o
dia a dia das feiras públicas em São Paulo, do ponto de vista do trabalhador.
Em
2021, Dani Tranchesi também fez parte do grupo de 30 fotógrafos que
representaram o Brasil no Les Encontres de La Photographie, em Arles, na
França. A iniciativa fez parte do projeto Rituais Fotográficos – Rituais de
Resistência, realizado pelo Iandé Photographie e Photo Doc, de Paris. No mesmo
ano, participou da exposição coletiva Terra em Transe, no Museu Afro Brasil.
Outro
trabalho de bastante relevância da fotógrafa foi Lindo Sonho Delirante, com
imagens produzidas em São Paulo e na Ilha do Marajó, entre 2018 e 2019. Dani
trata de humanidades ao reunir o homem urbano, com seus dias entre a fuligem e
o asfalto e os habitantes das águas doces, sempre dispostos a contar as
estrelas.
SOBRE
DIÓGENES MOURA
Escritor,
curador de fotografia, roteirista e editor independente, Diógenes Moura possui
uma relação bem próxima com o Museu da Fotografia Fortaleza. Antes de SEJA O
QUE DEUS QUISER, assinou a curadoria a curadoria das exposições de longa
duração, O OLHAR NÃO VÊ. O OLHAR ENXERGA. e NÃO DANIFIQUE OS SINAIS. Foi também
o curador de “HOMO SAPIENS - o homem que sabe o que não sabe”, com fotos de
Daniel Taveira; “Estranhamentos - fotografias de Boris Kossoy” e “Estúdio de
Arte Irmãos Vargas encontra Martín Chambi”.
Em
março de 2024, publicou, pelo Exu de dentro, Os Pseudocivilizados, o macaco
cósmico e o cão, ensaio poema sobre a invasão de uma nova espécie no bairro
onde vive há 35 anos, os Campos Elíseos, em São Paulo. “Os pseudocivilizados,
sempre acompanhados por seus cães e discurso politicamente correto de
superfície, são profundamente violentos e incapazes de perceber o outro”,
afirma. Com uma tiragem de 100 exemplares numerados e assinados, apenas cinco
livros estarão à venda no Museu da Fotografia Fortaleza, por R$ 100,00.
Diógenes
Moura também publicou O Pinguelo Rígido - Um sonho baiano (Exu de Dentro,
2023); Minhocão (Editora Noir, 2022); Vazão 10.8 – A última Gota de Morfina
(Vento Leste Editora, 2021), que está sendo adaptado para o cinema pelo diretor
Beto Brant e O Livro dos Monólogos [Recuperação para Ouvir Objetos], também
pela Vento Leste Editora, semifinalista do Prêmio Oceanos de Literatura em
2019.
SOBRE
O MUSEU DA FOTOGRAFIA FORTALEZA
Inaugurado
dia 10 de março de 2017, o MFF mantém dois andares de acervo fixo e um outro
que recebe exposições temporárias. Compreendendo sua função social para além do
espaço expositivo, mantém os projetos Museu nos Bairros e Museu no Interior,
que já visitaram diversas comunidades, levando teoria e prática acerca do mundo
da fotografia.
O
equipamento realiza ainda uma série de ações para divulgar novos talentos e
promover a fotografia, a partir de cursos e visitas guiadas para a terceira
idade, e de oficinas e workshops
voltados a artistas, estudantes e educadores – resultado de sua proximidade com
as Secretarias de Cultura (Secult), de Turismo (Setur) e de Educação do Estado
(Seduc), e das Secretarias Municipais da Educação (SME), de Turismo (Setfor) e
de Cultura de Fortaleza (Secultfor).
O MFF
tem também uma equipe de educativo formada pelos alunos dos cursos de
Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade de
Fortaleza (Unifor), Pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA),
Artes Visuais do Instituto Federal do Ceará (IFCE), da Universidade Estadual do
Ceará (UECE), Estácio e Escolas Técnicas do Governo do Estado.
OUTRAS
MOSTRAS
Durante
a visita, é possível aproveitar os últimos dias da Exposição Museu nos Bairros,
fruto de um trabalho educativo potente em 20 escolas municipais, com as
oficinas de Câmera Obscura, Fotografia Pinhole e Fotografia com Câmera Digital.
São 300 fotografias em técnica Pinhole, que revelam perspectivas e narrativas
dos 1050 alunos sobre o ambiente escolar.
“A
Máquina do Tempo”, exposição de longa duração do MFF, tem curadoria de Denise
Mattar e conta com cerca de 300 obras, entre fotos antigas e contemporâneas da
Coleção Paula e Silvio Frota, vídeos, gravações, câmeras fotográficas, objetos,
e algumas propostas de interação com o público. A fotografia como mudança da
visualidade humana e transformação da arte são os eixos que conduzem a mostra,
que ocupa dois andares do museu.
SERVIÇO:
Exposição
Seja o que Deus quiser (Dani Tranchesi)
Abertura:
07/12 (Sábado), às 11h
Conversa
com Dani Tranchesi e Diógenes Moura: 13h
Local:
Museu da Fotografia Fortaleza
Endereço:
Frederico Borges, 545 – Varjota
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