Há
livros que nascem do espanto. Outros, da dor. Sexo & Funeral, novo romance
de Diógenes Moura, nasce de ambos e, também de um silêncio que se prolongou por
42 anos. O escritor, recifense de origem e baiana por adoção durante quase duas
décadas, retorna agora às memórias que nunca o abandonaram para transformar
ausência em palavra.
O
lançamento acontece nesta sexta-feira (31), às 19 horas, no Museu da Fotografia
Fortaleza (MFF), marcando um encontro entre literatura e imagem. O momento
contará com a leitura de um monólogo e um bate-papo com o jornalista Diego
Barbosa, aprofundando as camadas de afeto, memória e criação presentes na obra.
O
romance, ilustrado por Milton Mastabi, tem origem no assassinato de um amigo
próximo em Salvador, episódio que atravessou a vida do autor como uma sombra
persistente. A partir desse acontecimento, Moura constrói uma narrativa que não
se submete às fronteiras tradicionais do real. O livro é um mergulho poético e
inquietante nas zonas onde o desejo se confunde com o luto, onde o corpo é
presença e também fantasma.
Com
seu estilo próprio, conciso e, ao mesmo tempo, visceral, o autor tece uma
geografia humana marcada por lembranças que nunca se completam. Personagens
reais transitam ao lado de figuras imaginadas, dando forma a um mosaico
literário que busca compreender aquilo que não se diz, o destino, a perda, a
melancolia que se instala quando o mundo desaba sem explicação.
A
narrativa é conduzida por imagens de intensa força sensorial: beijos que se
prolongam à beira-mar, ruas úmidas que parecem ocultar rastros de algo
irreparável, um cigarro de maconha perfumado de patchouli ao entardecer, a
delicadeza das joias de marcassitas e o choque brutal de uma cabeça decepada ou
de uma vivissecção iniciada em silêncio. Tudo isso sob um sol que, como diz
Moura, “impede o juízo de apodrecer”.
Mais
do que sobre um crime, Sexo & Funeral é sobre o depois, o intervalo denso
onde ecoam memórias, culpas, desejos e ecos de quem já não está. Moura não
narra apenas um fato: ele devolve ao acontecimento a sua temperatura emocional,
reconstruindo-o através da escrita como quem tenta habitar o próprio silêncio
para entender aquilo que restou. 
Sobre
o autor
Com
uma trajetória marcada pela experimentação e pela profundidade, Diógenes Moura
reafirma neste livro sua posição como uma das vozes mais intensas da literatura
brasileira contemporânea. Prêmio APCA pelo livro Ficção Interrompida (2011) e
semifinalista do Prêmio Oceanos com O Livro dos Monólogos (2019) e Vazão 10.8
(2021), o autor tem se destacado por obras que atravessam a solidão, o corpo e
a memória.
SOBRE
O MUSEU DA FOTOGRAFIA FORTALEZA
Inaugurado
em 10 de março de 2017, o Museu da Fotografia Fortaleza (MFF) conta com dois
andares de acervo fixo e um dedicado a exposições temporárias.
Com
uma equipe de mais de 40 profissionais atuando nos setores de educação, ação
social, cultura e administração, o museu garante sua manutenção e realiza
atividades que fortalecem a relação com a comunidade e preservam a memória de
Fortaleza e do mundo. Atualmente, o museu conta com quatro programas
principais,  Museu na Comunidade, Museu
na Saúde, Museu Acessível e Museu Itinerante, que juntos englobam 12 projetos.
O MFF
oferece cursos, oficinas e visitas guiadas, especialmente para a terceira
idade, artistas, estudantes e educadores, em parceria com secretarias estaduais
e municipais de Cultura, Turismo e Educação.
 

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