O
deputado Léo Suricate (Psol) protocolou, na quarta-feira (22/10), na Assembleia
Legislativa do Ceará, o Projeto de Indicação que propõe institucionalizar o
programa Zona Viva de Cultura e Tecnologia (ZVCT) como política pública
permanente de Estado.
Lançado
em 2023 como projeto piloto no Residencial José Euclides, no Jangurussu, o
programa já conta com cinco unidades em Fortaleza — localizadas nos bairros
Jangurussu, Vila Velha, Granja Lisboa e duas no José Walter —, atuando na
inclusão social, no desenvolvimento humano e na prevenção à violência juvenil
em territórios urbanos vulneráveis.
O Zona
Viva funciona como um equipamento comunitário multissetorial, articulando
quatro eixos integrados: cultura e memória, tecnologia e inclusão digital,
qualificação profissional e empreendedorismo, e cidadania e direitos. A
proposta busca fortalecer vínculos comunitários, ampliar oportunidades de
trabalho, renda e convivência, e promover direitos humanos por meio de ações
contínuas e participativas.
Raízes
comunitárias e o protagonismo dos movimentos sociais
A
história do Programa Zona Viva tem origem nas mobilizações sociais que marcaram
o território do Jangurussu. Desde os tempos do bairro Sapiranga, o Movimento
dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) fomentou diversas iniciativas culturais e
comunitárias, como saraus, cineclubes, bancas de jornal, encontros de bandas e
coletivos de arte, criando espaços de expressão e debate político-cultural.
Essas ações deram origem a um projeto real e de baixo custo, o Zona Viva, que
nasceu da própria comunidade como alternativa concreta de desenvolvimento
social.
Um
modelo participativo e de baixo custo
O Zona
Viva do Residencial José Euclides tornou-se referência por seus princípios de
gestão comunitária, baixo custo e protagonismo local. Todo o equipamento é
administrado pela comunidade, e moradores do território compõem sua equipe de
trabalho, garantindo pertencimento, sustentabilidade e resultados efetivos.
Essa experiência serviu de base para o Projeto de Política Estadual Zona Viva
de Cultura e Tecnologia, que prevê a replicação do modelo em outros conjuntos
habitacionais do Ceará, preservando o caráter participativo e territorial do
programa.
Cada
unidade é estruturada para reconhecer e potencializar as territorialidades já
existentes, valorizando as redes culturais, associativas, juvenis e econômicas
locais, transformando essas práticas em capacidade pública. A criação de novas
unidades será precedida por diagnóstico participativo, assegurando que cada
espaço responda às demandas e potencialidades de seu território.
O
modelo de gestão é intersetorial e colaborativo. Um Conselho Gestor reúne
secretarias estaduais, órgãos municipais, instituições de ensino e
representantes da sociedade civil, enquanto Comitês Locais garantem a co-gestão
junto à comunidade. Essa governança assegura transparência, eficácia e
aderência cultural às ações.
O
projeto também estabelece prioridade para áreas de maior vulnerabilidade social
e conjuntos habitacionais, com destaque para as “ZEIS de reparação”, categorias
reconhecidas pelo Plano Diretor de Fortaleza (2025) que identificam territórios
que necessitam de reparação de déficits urbanos e sociais. Nessas regiões, as
Zonas Vivas complementam as políticas de moradia com infraestrutura cultural,
tecnológica e social, ampliando o direito à cidade.
Após o
protocolo do Projeto de Indicação, o documento segue agora para análise nas
comissões temáticas da Assembleia Legislativa, onde será debatido e poderá
receber emendas antes de seguir para votação em plenário.
 
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