Neste
mês de Dezembro Vermelho, campanha nacional de conscientização sobre o HIV/Aids
e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), especialistas alertam
para a necessidade de manter o tema em evidência diante do cenário atual no
Brasil. A iniciativa, instituída pelo Ministério da Saúde e incorporada ao
calendário oficial de saúde pública, tem como propósito ampliar a informação,
estimular a prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado das ISTs,
além de combater o estigma que ainda cerca essas infecções.
Os
dados mais recentes disponíveis do Ministério da Saúde mostram que as ISTs
seguem como um importante desafio sanitário no país. Em 2024, o Brasil
registrou mais de 256 mil casos de sífilis adquirida, além de cerca de 90 mil
casos de sífilis em gestantes e mais de 24 mil ocorrências de sífilis
congênita, muitas delas evitáveis com diagnóstico e tratamento oportunos
durante o pré-natal.
Já em
relação ao HIV, 2023 contabilizou aproximadamente 46 mil novos casos de
infecção, mantendo o país entre os que concentram maior número absoluto de
notificações nas Américas.
Para o
urologista Dr. Emanuel Veras, os números evidenciam que o enfrentamento às ISTs
precisa ir além das campanhas pontuais. “Temos acesso gratuito a preservativos,
testagem e tratamento pelo SUS, mas ainda convivemos com altas taxas de
transmissão. Isso mostra que a prevenção precisa ser permanente e estar
presente no cotidiano das pessoas, desde a adolescência”, afirma.
Segundo
o médico, um dos principais obstáculos é o caráter silencioso de muitas ISTs.
“Infecções como clamídia e gonorreia podem não apresentar sintomas por longos
períodos. Quando não diagnosticadas, aumentam o risco de infertilidade,
complicações urológicas e ginecológicas e continuam sendo transmitidas sem que
a pessoa saiba. Por isso, a testagem regular é tão importante quanto o uso do
preservativo”, explica o Dr. Veras.
Além
da sífilis e do HIV, o Brasil ainda convive com um número expressivo de pessoas
vivendo com hepatites virais B e C, que também podem ser transmitidas por via
sexual e frequentemente são diagnosticadas tardiamente. Especialistas apontam
que a combinação entre queda no uso de preservativos, desinformação e
dificuldade de acesso a serviços de saúde em algumas regiões contribui para a
manutenção desse cenário.
Dentro
do Dezembro Vermelho, o Ministério da Saúde e entidades parceiras reforçam três
pilares fundamentais: prevenção, com estímulo ao uso de preservativos e ao
acesso à PrEP e à PEP; testagem, com a ampliação do diagnóstico precoce; e
tratamento, garantindo acompanhamento adequado e a interrupção das cadeias de
transmissão.
O Dr.
Diego Capibaribe, urologista e especialista no tratamento de próstata, rins e
bexiga, comenta que o objetivo de falar sobre ISTs não é assustar a população.
“É uma questão de assumir um compromisso com a saúde pública, entendendo que
informação de qualidade, acesso aos serviços e redução do preconceito salvam
vidas”, defende.
Neste
Dezembro Vermelho, o convite é para que sociedade, imprensa e profissionais de
saúde se unam na disseminação de informações corretas e no fortalecimento da
prevenção, contribuindo para a redução das ISTs e para a promoção da saúde
sexual no Brasil.

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