O curso de Medicina Veterinária da Universidade de Fortaleza, da
Fundação Edson Queiroz, recebeu, por meio de uma parceria com o Instituto
Pró-Silvestre, animais silvestres resgatados em uma operação de combate ao
tráfico realizada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA). No início
da manhã do dia 12 de abril, foram entregues no campus da instituição 51
papagaios, que ficarão em quarenta e, após passarem por exames e cuidados,
serão devolvidos à natureza.
Ao todo, foram apreendidos 161 pássaros silvestres e um jabuti, mantidos
ilegalmente em cativeiro, no bairro Jangurussu, alguns deles inseridos na lista
vermelha da Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (SEMA) por estarem
ameaçados de extinção. O crime era praticado por um homem de 41 anos, com
vários antecedentes por crimes ambientais. Além da Unifor, o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) também
recebeu as aves.
Representantes do IBAMA e do Instituto Pró-Silvestre
Da
Unifor, estão diretamente envolvidos na reabilitação desses animais docentes,
estudantes do Grupo de Estudo de Animais Silvestres (GEAS), da Liga de
Patologia Veterinária e alguns alunos de Iniciação Científica que desenvolvem
projetos de pesquisa sobre a área.
“Recebemos
mais de 50 animais para realizar os primeiros cuidados, avaliação, pesagem e
alimentação. É muito importante para os estudantes terem essa experiência,
porque muitos observam o tráfico de animais na teoria em sala de aula. Ter essa
vivência de como os animais são conduzidos; o que tem que ser feito; quais
cuidados tem que ter; como organizar uma escala entre eles; e como colaborar um
com o outro, será muito importante para a vida acadêmica e profissional deles”,
explica a professora Fernanda Menezes, coordenadora do curso de Medicina
Veterinária da Unifor.
Agora,
após uma avaliação mais aprofundada acerca da saúde dos animais, eles serão
identificados por meio de números para que seja feito monitoramento diário do
desenvolvimento individual dos animais. A ideia, pontua, é monitorar o escore
corporal deles, verificando diariamente se estão desidratados, se estão se
alimentando e se a quantidade de comida é suficiente. As aves irão permanecer
divididas entre adultos e filhotes, no entanto, alguns, que estão em estado
grave de saúde e precisando de um cuidado específico, ficarão em observação em
outro laboratório.
“Além
disso, faremos exame para verificar se estão com alguma parasitose e
acompanhamento para ver se detectamos ectoparasitas (piolhos, ácaros e
carrapatos). Faremos todo o acompanhamento até eles conseguirem comer sozinhos
e estiverem bem para serem devolvidos à natureza. Funcionaremos em regime de
escola, com a supervisão do médico veterinário responsável, uma vez que esses
animais precisam ser alimentados periodicamente”, explica Fernanda.
51 papagaios estão sob os cuidados da UNIFOR
Foco
no bem-estar animal
Organização
sem fins lucrativos, o Instituto Pró-Silvestre nasceu para dar apoio aos órgãos
ambientais e de segurança pública no combate ao tráfico de animais. Dessa
forma, a atuação da instituição visa o resgate, manejo, reabilitação,
destinação, pesquisa e conservação da fauna silvestre de Fortaleza. Em 2022,
representantes da instituição escolheram o curso de Medicina Veterinária da
Unifor como parceiro na reabilitação dos animais sob sua proteção.
“Apoiamos
esses órgãos para que eles possam atuar dentro das suas competências, ou seja,
após realizarem o resgate e informarem que precisam da nossa ajuda,
intermediamos os cuidados, acionando nossa rede de colaboração, da qual fazem
parte médicos veterinários, clínicas e universidades, como a Unifor. O objetivo
final e a parte mais deseja é o retorto desses animais para a natureza” —
presidente do Instituto Pró-Silvestre, Eliziane Holanda
Advogada
e Diretora do Instituto Pró-Silvestre, Karine Montenegro, enfatiza a
participação positiva de estudantes em ações como essa pelo contato com a fauna
silvestre, bem como a ajuda dada aos animais vitimas do tráfico.
“Desde
o início nossa parceria com a Unifor visava ajuda mútua. Em uma operação como
essa de tráfico de animais silvestres com 161 vitimas de maus tratos, sem
colaboração, ficaria complicado da gente conseguir tratar. Além de importante e
essencial para os animais, essa parceria também é importante para os alunos,
porque conseguem ter maior aproveitamento com o tratamento real com animais
silvestres, tendo a experiência prática para o mercado de trabalho. No entanto,
o principal, a meu ver, é a conscientização sobre os malefícios do tráfico, uma
das maiores causas da devastação da nossa fauna” — Karine Montenegro, advogada
e diretora do Instituto Pró-Silvestre
Egressa
da graduação em Medicina Veterinária da Unifor e responsável pelos papagaios
que estão sendo cuidados na Universidade, Beatriz Martins é especialista em
cuidados com animais silvestres. Ela reforça a importância desse tipo de
vivência para a formação profissional dos futuros veterinários.
“Está
sendo maravilhoso voltar onde estudei, sempre gostei muito da Unifor, por isso
fico feliz de saber que os estudantes estão tendo essa experiência da
aproximação com animais silvestres, uma vez que estágios na área não são de tão
fácil acesso. Além de entenderem a realidade do tráfico, e acaba que a gente
consegue mostrar que não se deve comprar animais ilegalmente e como esse crime
machuca esses bichos” — Beatriz Martins, médica veterinária
Combate
ao tráfico
Além
da fiscalização por parte dos órgãos responsáveis, a denúncia ainda é parte
fundamental para coibir o tráfico animal. Walter Feijó, analista ambiental do
Ibama e médico veterinário, faz um apelo para que a população se conscientize
que animais silvestres não devem estar presos em casa, mas soltos na natureza.
“Qualquer
pessoa que perceba que alguém tem em cativeiro um animal silvestre irregular ou
que haja indícios de tráfico deve realizar uma denúncia no Ibama, por meio da
Linha Verde: 0800 0618080. Também é possível denunciar na Superintendência
Estadual do Meio Ambiente (Semace) e na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente.
Ao efetuar a denúncia, esses órgãos irão coibir essa prática tão danosa para a
fauna silvestre”, reforça ele.
Interessados
em colaborar com a manutenção e o trabalho realizado pelo Instituto
Pró-Silvestre, podem contribuir tanto materialmente (ração, produtos, exames,
medicamentos) ou financeiramente por meio do PIX
institutoprosilvestre@gmail.com. Mais informações no Instagram
@institutoprosilvestre.
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