A capital cearense recebeu,
na última quarta feira, a atriz, diretora, compositora e cantora Sandra Pêra,
que pisou no palco do Theatro José de Alencar pela primeira vez com o grupo As
Frenéticas. Referência artística e arquitetônica no país, o TJA, como é mais
conhecido, tem uma ligação muito forte com a sua família. Os pais e a irmã
Marília Pêra (in memoriam) se apresentaram aqui em algumas ocasiões, antes
mesmo de ela ter nascido. Acompanhada dos músicos Mimi Lessa, Lourival Franco,
Pedro Peres e Flavio Santos, a cantora carioca traz a turnê “Sandra Pêra em
Belchior” para o Ceará neste mês de abril, dando sequência às viagens pelo país
divulgando o segundo álbum de sua carreira. No dia 12, às 19:30, será no
Theatro José de Alencar. Já no dia 14, ela estará em Sobral, às 20 horas, no
Theatro São João.
Lançado pela Biscoito Fino
em junho de 2021, o disco foi um presente da amiga Kati Almeida Braga, sócia da
gravadora, durante um jantar entre amigos. “Estávamos todos ouvindo um disco do
Fagner, produzido pelo José Milton, e entre as músicas tocou Mucuripe. Então, a
Kati perguntou se eu não gostaria de cantar Belchior. Cheguei em casa, comecei
a selecionar algumas músicas, liguei para a minha filha e também produtora
musical, Amora, e para o José Milton. Assim nasceu a ideia de homenagear este
grande compositor cearense”, conta Sandra Pêra. A turnê começou no Rio de
Janeiro, em setembro do ano passado, e já percorreu Belo Horizonte, Porto
Alegre e São Paulo. Mas o Ceará tem um gostinho e memórias bem especiais.
Segundo a cantora, só depois
de muito tempo ela veio descobrir que era realmente a musa de Belchior, quando
ele escreveu a letra “Medo de Avião”. Ela já tinha sido perguntada sobre essa
ligação com o cearense durante entrevista para a apresentadora Sílvia Poppovic,
negando veemente, e soube muitos anos depois por uma namorada dele no Rio de
Janeiro (a atriz Maria Lucia Dahl), que ela desconfiava de algo que nunca
aconteceu. Mas a certeza, de que foi para ela a música, veio quando recebeu do
acervo de Belchior uma entrevista dele, contando que a música era para Sandra
Pêra. A letra remete à uma viagem que, por coincidência, os dois estavam no
mesmo voo com destino à capital cearense. Nessa oportunidade, ela comentou que
tinha muito medo de avião e que pegava na mão de quem estivesse ao seu lado.
Sandra conta que sempre
admirou o trabalho de Belchior. “Suas músicas representam algum momento na vida
da gente. Ele tem uma história muito rica. Eu conheci sua obra aos 16 anos,
durante um trabalho no colégio”. No show marcado para os dias 12 e 14 de abril,
em Fortaleza e Sobral, respectivamente, o público vai ouvir na sua
interpretação clássicos como “Paralelas”, “Medo de avião”, “Todo sujo de
Batom”, “A palo seco”, “Velha roupa colorida”, “Mucuripe”, “Galos, noites e
quintais”, “Sujeito de sorte”, e “Ano passado eu morri, mas esse ano eu morro”
– esta última, de autoria do repentista paraibano Zé Limeira, absorvido na
canção do compositor cearense -, num total de 17 músicas. A direção deste
projeto é de Amora Pêra, filha de Sandra e Gonzaguinha.
Memórias
O Ceará traz boas memórias
para Sandra Pêra. Além de sua família ter esse vínculo artístico com o Estado,
ela contou que uma das primeiras viagens com o grupo As Frenéticas foi para
Fortaleza. “Teve uma família (pai, mãe e filhos) que eram loucos por nós. Eles
foram assistir o show e depois nos chamaram para sair. Na hora de retornar para
o Rio de Janeiro, nos convidaram para ficar mais um dia na cidade. Eu lembro
que dormi em uma rede com uma das pessoas da casa. É uma memória que eu tenho,
linda, mas não lembro quem são eles. Adoraria reencontrá-los”, revela. Em
Fortaleza, também trouxe outros espetáculos – Sandra é conhecida por cantar em
musicais. No palco do Theatro José de Alencar, ao lado de Gonzaguinha dirigiu a
irmã Marília no espetáculo “Elas por Elas”. “Minha família toda estava se
apresentando. Tenho lindas memórias da cidade”, reitera.
“Eu nem era nascida e o
Theatro José de Alencar já fazia parte da vida da minha família. Minha mãe, meu
pai e minha irmã aos cinco anos já pisaram naquele palco, quando ainda não
haviam colocado os vidros. Certa vez, minha mãe estava em cena e veio um
morcego. Ela saiu correndo e gritando. Quando pisei nesse palco, cantando com
As Frenéticas, já tinham colocado vidros. Agora estou retornando ao Ceará e com
muita vontade de fazer o público cantar comigo a obra do Belchior”
Sandra Pêra
Projetos
Dedicada na turnê em
homenagem ao compositor cearense Belchior, Sandra Pêra contou que já pensa em
novos projetos com outros compositores. De família de artistas, ela já fez muitos
trabalhos, principalmente no teatro. Também já atuou como atriz em novelas e
filmes, diretora e assistente de direção. Um grande orgulho seu é ver em
cartaz, após 25 anos da estreia em Belo Horizonte, a peça “Afrodite, um
espírito baixou em mim”
“Eu gosto é do palco. Nasci
para ele. Não vejo a hora de me apresentar em Fortaleza e convido o público
para ouvir minhas histórias e cantar comigo as músicas lindas de Belchior”
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