Quatro em cada dez empresas brasileiras que exportam são de pequeno
porte. O dado, divulgado em levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às
Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) com base em números do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), mostra que o percentual
de micro e pequenas empresas exportadoras de bens saltou de 28,6% em 2014 para
39,6% em 2024. Também houve avanço significativo nas importações feitas por
esse grupo: de 37,6% para 50% no mesmo período.Esse crescimento reflete uma
transformação importante no cenário do comércio exterior brasileiro — e o Ceará
é um dos protagonistas desse novo momento.
As exportações cearenses totalizaram US$ 770,48 milhões entre janeiro e
maio de 2025, representando um crescimento de 49,3% em relação ao mesmo período
do ano passado. Os dados fazem parte do estudo Ceará em Comex, elaborado pelo
Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do
Ceará (Fiec).
O resultado reforça a retomada da competitividade dos produtos do estado
no mercado internacional e consolida novos destinos estratégicos. Apenas no mês
de maio, o Estado exportou US$ 269,79 milhões, com alta de 77,7% frente a abril
e crescimento expressivo de 176,2% na comparação com maio de 2024.
Com investimentos consistentes em infraestrutura logística e o
fortalecimento de hubs como o Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP) e
a Zona de Processamento de Exportação (ZPE Ceará), o Estado se tornou mais
atrativo e competitivo para empresas de todos os portes, inclusive os pequenos
negócios.
Essas estruturas oferecem benefícios fiscais, localização estratégica e
apoio logístico, criando condições favoráveis para que o empreendedor local
tenha acesso aos mercados internacionais de forma mais eficiente.
Para Augusto Fernandes, especialista em comércio exterior, esse
movimento é também resultado de um trabalho de desmistificação e orientação
junto aos pequenos empresários.
“Muitos pequenos negócios ainda têm uma ideia equivocada de que exportar
ou importar é algo exclusivo para grandes indústrias. Mas o processo é mais
acessível do que parece. Com o suporte certo, é possível fazer negócios
internacionais com segurança e competitividade”, afirma.
Segundo ele, há hoje uma cadeia robusta de profissionais preparados para
atender essas empresas, desde despachantes aduaneiros até agentes de carga e
consultorias especializadas.
“O Ceará conta com um ecossistema cada vez mais profissionalizado para o
comércio exterior. Temos estrutura, agilidade nos processos e rotas
estratégicas, como a nova ligação direta entre o Porto do Pecém e a China, que
coloca o Estado no centro das atenções de importadores e exportadores do mundo
inteiro”, completa.
Além da infraestrutura portuária, o fortalecimento do setor de serviços
e a diversificação da pauta exportadora cearense também contribuem para que os
pequenos negócios encontrem espaço. Itens como frutas frescas, castanha de
caju, mel, confecções, produtos químicos, artigos de decoração e equipamentos
para academias — muitos deles produzidos por pequenas empresas — já ganham
presença constante nos mercados norte-americano, europeu e asiático.
O crescimento da participação dos pequenos negócios nas exportações e
importações têm impacto direto na economia local: gera emprego, renda e aumenta
a competitividade do Estado no mercado global. Com um ambiente mais favorável,
apoio institucional e acesso à informação, cada vez mais empreendedores
cearenses devem ver o comércio exterior não como uma barreira, mas como uma
estratégia real de crescimento e expansão.
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