Quatro
longas-metragens e dez curtas foram selecionados para a Mostra Olhar do Ceará
do 32º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema, que acontece de 7 a 13
de outubro em Fortaleza. Nesta edição, além dos curtas, os longas da mostra
serão exibidos no Cinema do Dragão. Os filmes da Competitiva Ibero-americana de
Longa-metragem, anunciados na semana passada, serão exibidos no Cineteatro São
Luiz. Com toda a programação gratuita, o festival volta ao formato 100%
presencial.
Longas
da Olhar do Ceará
“Nos
longas os documentários dominam, mas em cada um dos quatro filmes escolhidos existem
formas diferentes de olhar para o real utilizando diferentes possibilidades da
linguagem cinematográfica, chaves de interpretação diferentes da realidade e
temáticas que são bem diversas entre si”. Quem pontua é a curadora da mostra,
Camilla Osório, que levanta as questões: Onde é essa fronteira entre o
"real" e o "ficcional"? E onde está a performance de si que
aquele que é filmado faz no meio desse processo?
Esse
aspecto é muito forte em “A Colônia”, de Virgínia Pinho e Mozart Freire, que
tensionam esses limites utilizando cenas que são claramente dirigidas junto com
entrevistas bem tradicionais, colocando os entrevistados para atuar junto a uma
atriz. O filme resgata a história do bairro Antônio Justa, na cidade de
Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza, criado na década de 1940 como
uma colônia para isolar pessoas com hanseníase. Ainda hoje, mesmo após sua
abertura, o local é marcado pelo estigma da doença e a realidade social
precária. Em 2015, a diretora Virgínia Pinho foi premiada no 25º Cine Ceará com
o curta “Miragem”, vencedor do prêmio de Melhor Produção Cearense na Mostra
Competitiva Brasileira de Curta-metragem e o de Melhor Curta-metragem pelo Júri
Olhar Universitário. Mozart Freire também tem histórico de premiação no Cine
Ceará. Em 2016 foi premiado com "Cinemão" (Melhor Curta-metragem da
Mostra Olhar do Ceará) e "Janaína Overdrive" (Melhor Curta eleito
pelo Júri Olhar Universitário), e em 2019, com “Pop Ritual”, Melhor Produção
Cearense eleita pelo Júri Oficial e Melhor Curta-metragem pelo Júri Olhar
Universitário.
“Todo
mundo já foi para Marte”, longa selecionado de Telmo Carvalho, aborda a
pandemia de covid-19 em uma narrativa ficcional e fantástica. É um documentário
que utiliza a linguagem da animação. “Ele utiliza recursos, que a princípio o
grande público não vai associar com documentário e que estão presentes na
narrativa. Isso é muito interessante para refletir sobre o que é o documentário
contemporâneo”, destaca a curadora Camilla Osório. O cineasta dirigiu vários curtas
em animação, entre eles, “Campo Branco”, de 1997, eleito pela ABRACINE entre as
100 obras mais importantes da animação brasileira. Telmo Carvalho foi um dos
fundadores do Núcleo de Cinema de Animação da Casa Amarela Eusélio Oliveira, da
Universidade Federal do Ceará. Tem um intenso trabalho como orientador de
cinema de animação em oficinas socioeducativas, tendo produzido mais de 60
filmes com as crianças e jovens participantes.
O
documentário “Afeminadas” é o primeiro longa de Wesley Gondim, que já tem no
currículo curtas premiados e exibições em festivais nacionais e internacionais,
dentre os quais, o prêmio de Melhor Roteiro no 51º Festival de Brasília do
Cinema Brasileiro em 2018 com a ficção/horror “Para minha gata Mieze”. Seu
longa de estreia acompanha a luta cotidiana de Safira O'hara, Khryz Amusa,
Chandelly Kidman, Hellena Borgyz e Jefferson Lemons, cinco personagens de
diferentes regiões do Brasil que conseguiram potencializar o ser feminino como
forma de arte.
A
ditadura militar no Ceará é tema do documentário “Escuridão na Terra da Luz”,
de Popy Ribeiro. O filme traz uma série de entrevistas que lançam luz às
dolorosas memórias do período, ainda vivas naqueles que o testemunharam. A luta
contra o regime militar ainda é majoritariamente abordada no cinema a partir de
histórias do eixo Rio-São Paulo, portanto, focar a narrativa nas histórias do
Ceará é o grande diferencial da obra.
Curtas-metragens
Ancestralidade
e identidade são temas muito presentes na maior parte dos curtas da mostra
Olhar do Ceará. Camilla Osório pontua que isso está presente inclusive nos que
não entraram na seleção. “A gente percebe que no inconsciente coletivo dos
artistas cearenses esses temas estão reverberando e entrando nas produções de
diferentes formas”. Ela destaca também o luto e a morte com temas presentes.
“Isso tem muito a ver com o tempo que a gente está vivendo. A arte sempre vai
ser um espelho, de alguma forma, de certos sentimentos que perpassam a nossa
realidade”, comenta.
Dos
10 curtas selecionados para a Mostra Olhar do Ceará, o gênero ficção é maioria,
com cinco filmes, um dos quais, misto de ficção e experimental. São eles,
“Aquele que veio do oeste”, de Wesjley Maria, “Fio de Ariadne”, de Mozart
Freire (que concorre também com o longa “A Colônia”) e Ton Martins, “Na Estrada
Sem Fim Há Lampejos de Esplendor”, de Liv Costa e Sunny Maia, “Pedro”, de Leo
Silva, e “Bege Euforia”, ficção/experimental de Anália Alencar. São três os
curtas-metragens documentários na mostra: “A margem de um rio que correm meus
ancestrais”, Iago Barreto Soares, “Aluá”, de Felipe Camilo, e “Rosa Negra”, de
Sabina Colares e Marieta Rios. Completam a seleção o experimental “Mulheres
Árvore”, de Wara, e o musical “Ópera Sem Ingresso”, de Andreia Pires, que em
2021 participou da mostra com o curta de ficção/experimental “Curva sinuosa”.
O
32º Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema é uma realização do
Ministério do Turismo, através da Secretaria Especial da Cultura, da Associação
Cultural Cine Ceará e da Bucanero Filmes. Tem o apoio institucional do Governo
do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura (Secult Ceará) e da
Universidade Federal do Ceará, via Casa Amarela Eusélio Oliveira. Parceria:
Canal Brasil. Hotel Oficial: Sonata de Iracema. Patrocínio Master: Itaú
Unibanco. Patrocínio VIP: Grupo Edson Queiroz, Nacional Gás, Esmaltec e Indaiá.
Patrocínio: SP Combustíveis, Banco do Nordeste e Prefeitura de Fortaleza.
Agradecimento: Enel.
OS
LONGAS DA MOSTRA OLHAR DO CEARÁ
A
Colônia. Direção: Virgínia Pinho e Mozart Freire. Documentário. 73’. Ceará.
2022. 12 anos.
Afeminadas.
Direção: Wesley Gondim. Documentário. 95’. Ceará. 2022. 10 anos.
Escuridão
na Terra da Luz. Direção: Popy Ribeiro. Documentário. 96’. Ceará. 2022. 16
anos.
Todo
Mundo Já Foi Para Marte. Direção: Telmo Carvalho. Animação. 72’. Ceará. 2022.
12 anos.
OS
CURTAS DA MOSTRA OLHAR DO CEARÁ
A
margem de um rio que correm meus ancestrais. Direção: Iago Barreto Soares.
Documentário. 13’. Ceará. 2021. Livre.
luá.
Direção: Felipe Camilo. Documentário. 15’. Ceará 2021. Livre.
Aquele
que veio do oeste. Direção: Wesjley Maria. Ficção. 19’. Ceará. 2021. Livre.
Bege
Euforia. Direção: Anália Alencar. Ficção/experimental. 20’. Ceará. 2022. 12
anos.
Fio
de Ariadne. Direção: Mozart Freire e Ton Martins. Ficção. 16’. Ceará. 2021. 14
anos.
Mulheres
Árvore. Direção: Wara. Experimental. 17’. Ceará. 2022. Livre.
Na
Estrada Sem Fim Há Lampejos de Esplendor. Direção: Liv Costa e Sunny Maia.
Ficção. 11’. Ceará. 2021. 14 anos.
Ópera
Sem Ingresso. Direção: Andreia Pires. Musical. 24’. Ceará. 2022. Livre.
Pedro.
Direção: Leo Silva. Ficção. 11’. Ceará. 2022. Livre.
Rosa
Negra. Direção: Sabina Colares e Marieta Rios. Documentário. 23’. Ceará. 2022.
Livre.
Saiba
mais sobre os filmes da Mostra Olhar do Ceará:
https://cineceara.com/Mostra-Olhar-do-Ceara.html
SERVIÇO
32° Cine Ceará – Festival Ibero-americano de Cinema – De 7 a 13 de outubro de 2022 em Fortaleza. Informações: www.cineceara.com. Instagram: @cineceara, Facebook: Festival Cine Ceará. E-mail: contatos@cineceara.com.
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