As
ações do Projeto Cine Clandestino chegam à última semana de exibição de filmes
nas escolas públicas de Fortaleza. Até sexta-feira, dia 4 de abril, estudantes
do Ensino Fundamental II e Médio, com idades entre 13 e 17 anos, terão acesso a
sessões temáticas seguidas de debates que estimulam a reflexão e a construção
da cidadania. A iniciativa utiliza o audiovisual como ferramenta pedagógica
para desenvolver o pensamento crítico e criativo dos estudantes, abordando
temas sociais, culturais e históricos por meio do cinema. O projeto conta com
apoio da Secretaria Municipal de Cultura (Secultfor) por meio da Lei Paulo
Gustavo (Lei Complementar nº 195/2022).
Criado
em 2020, durante o período de isolamento social da pandemia de covid-19, o Cine
Clandestino consolidou-se como um projeto itinerante que utiliza o cinema como
ferramenta de resistência, pertencimento e transformação coletiva. Nascido a
partir do curso "Ponto de Corte", promovido pela Escola Municipal
Vila das Artes, o projeto expande sua atuação para escolas públicas, proporcionando
sessões cinematográficas seguidas de debates que estimulam o pensamento crítico
entre alunos e professores.
No
primeiro ano, o Cine Clandestino realizou exibições nas ruas do bairro Benfica,
reunindo moradores, artistas e estudantes em encontros potentes que reafirmaram
o cinema como uma linguagem essencial para a cidadania. Com a ampliação, o
projeto passou a ocupar o espaço escolar como um ambiente de reflexão e
aprendizado.
Em
março de 2025, o projeto levou sessões gratuitas para estudantes de escolas dos
bairros Centro, Jacarecanga, Bonsucesso, Parangaba, Sapiranga, Messejana, entre
outros. No total, foram contempladas dez escolas com um alcance de 600
estudantes.
"O
projeto Cine Clandestino é mais do que uma sessão de cinema. O formato de
cineclube é um espaço de reflexão e debate, onde utilizamos os filmes como
gatilho para pensar a sociedade e questionar outras realidades", afirma
Gregório Barbosa, idealizador do projeto.
Curadoria
voltada para temas sociais
Os
filmes selecionados pelo Cine Clandestino abordam temas sociais relevantes e
promovem reflexões profundas. "Eu Não Quero Voltar Sozinho" narra a
história de Leonardo, um adolescente cego cuja rotina muda com a chegada de um
novo aluno, levando-o a enfrentar os ciúmes da amiga Giovana e a compreender
seus sentimentos por Gabriel.
"Reprovados
– A Brincadeira Continua Sem Graça!" é um curta produzido por adolescentes
que discute o bullying e suas consequências, incentivando o debate sobre esse
problema ainda tão presente nas escolas. "Negro Lá, Negro Cá" traz
relatos de imigrantes africanos vivendo em Fortaleza sobre suas experiências
com o racismo, revelando as formas sutis e estruturais dessa opressão.
"Pedro" acompanha a rotina de um menino entre escola, televisão e
brincadeiras até que um acontecimento inesperado altera sua percepção da
realidade. "Preto no Branco" expõe o racismo estrutural ao contar a
história de Roberto Carlos, um jovem negro detido injustamente após ser acusado
de roubo.
"Dindas"
mergulha na realidade de mulheres trans e travestis dentro do sistema
carcerário masculino de Pernambuco, abordando as dificuldades enfrentadas por
elas. Por fim, "Logo Eu que Nem Era Humana" retrata a vida de quatro
mulheres trans em Paraisópolis, Minas Gerais, explorando suas jornadas de
autoafirmação e os desafios impostos pela sociedade, destacando a importância
da visibilidade e da igualdade de direitos.
Para
Gregório Barbosa, a expansão do Cine Clandestino nas escolas públicas
representa um passo firme rumo a uma Fortaleza mais inclusiva, democrática e
culturalmente viva. "Levar o cinema às comunidades periféricas e às
escolas é um gesto de valorização da diversidade cultural local. É dizer que
cada território importa, cada história merece ser contada e cada cidadão tem o
direito de ver e se ver na tela", conclui o idealizador.
Para
mais informações: clandestinoproducoesce@gmail.com e Instagram
@clandestinoproducoesce.
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