A XV
Bienal Internacional do Livro do Ceará, que tem como tema “Das fogueiras ao
fogo das palavras”, lembra que a literatura não está restrita apenas ao formato
do livro. A tradição oral antecede a palavra impressa e traz, até o presente,
conhecimentos indispensáveis, como está bem destacado nesta edição da Bienal.
Porém, esse é um entendimento que já está presente no DNA do evento há muito
tempo. Já faz duas décadas que o evento literário tem em sua programação a
Praça do Cordel, dedicada a celebrar a literatura de cordel, que une a tradição
oral e o formato impresso numa das maiores representações da cultura
nordestina.
A
literatura de cordel é um gênero literário tipicamente escrito em versos,
muitas vezes originado de relatos orais e depois publicado em folhetos,
tratando de temas populares em linguagem poética e informal. O termo “cordel”
tem origem em Portugal, e se refere às cordas e barbantes nos quais os livretos
frequentemente ficam expostos para venda em feiras ou mercados. Na Praça do
Cordel da Bienal, os poetas populares têm seus próprios estandes, onde seu
trabalho está apresentado tanto em barbantes quanto nas bancadas, da mesma
forma como ficam expostos os livros de grandes escritores na Feira do Livro.
A
Praça do Cordel não consiste só de estandes: na verdade, não consiste nem só de
cordel. Klévisson Viana, fundador original do eixo e até hoje seu organizador,
conta que a Praça espera receber cerca de 200 artistas, entre “cantadores,
repentistas, cordelistas, declamadores, xilogravadores, artistas populares,
sanfoneiros, violeiros, forrozeiros”, entendendo o cordel como parte de uma
verdadeira teia de arte popular, que é contemplada em suas diversas faces no
espaço. Um desses artistas populares é o xilogravista Mestre Francorli, nome
artístico de Francisco Correia Lima, que teve seu primeiro contato com a
xilogravura aos 13 anos e cujo trabalho já o levou a expor suas obras na China,
Europa e Tailândia. Atualmente, Francorli possui um ateliê em Juazeiro do Norte
e encanta milhares de pessoas nas Bienais do Livro.
Com
uma das mais extensas programações de todo o evento, a Praça do Cordel conta
com atividades que iniciam às 10h30 ou 11h e se estendem até depois das 20h,
todos os dias até domingo, dia 13, dia do encerramento da Bienal. Klévisson destaca
alguns momentos importantes, como a palestra sobre Fantasia na Literatura de
Cordel do cordelista, compositor e roteirista de cinema Bráulio Tavares (quinta
feira, dia 10, às 15h), e as declamações do Mestre Chico Pedrosa, escritor,
poeta, cordelista e músico, que possui 90 anos idade e destes mais de 70
dedicado à poesia popular. Ele se apresentará nos palcos da praça nos dois
finais de semana da Bienal (dias 5, 6, 12 e 13).
Uma
das declamações de Mestre Chico, inclusive, será o penúltimo evento da Praça do
Cordel na Bienal, às 18h do domingo, dia 13. A apresentação reunirá, além de
Chico Pedrosa, Evaristo Geraldo da Silva, cordelista de 57 anos com centenas de
trabalhos publicados, com vários premiados e adotados pelo currículo de escolas
por todo o Brasil, e Anthony Feitosa, um jovem poeta popular de Quixadá, de
apenas 7 anos, mas “que já dá o seu recado, que declama bem e consegue compor
estrofes magníficas”, diz Klévisson Viana. Três gerações de poetas populares
unidos num único momento, assegurando que a Praça do Cordel seguirá como parte
vital da Bienal do Livro por muito mais décadas.
A
Bienal é uma realização do Ministério da Cultura (MinC) e do Governo do Ceará,
por meio da Secretaria da Cultura (Secult), em parceria com o Instituto Dragão do
Mar (IDM), via Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O evento conta com o
patrocínio do Banco do Nordeste, Rede Itaú, Cagece e Cegás.
Serviço:
Bienal
Internacional do Livro do Ceará
Quando:
4 a 13 de abril, das 09h às 22h
Onde:
Centro de Eventos do Ceará – Avenida Washington Soares
Gratuito
e aberto ao público
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