Com o
aumento dos preços e a facilidade de obtenção de crédito, entrar em dívidas
acaba sendo um caminho quase sem volta. Em Fortaleza, 80% dos consumidores
estavam endividados em junho, de acordo com o último balanço do Perfil de
Endividamento do Consumidor, divulgado pela Fecomércio. Houve um aumento de
12,4 p.p. em relação ao índice de maio, sendo este o maior registrado no último
ano.
Conforme
a pesquisa, a maior parte dos fortalezenses entra em dívidas por gastos
imprevistos, desemprego e aumento em gastos essenciais. Por mais que algumas
situações possam levar ao endividamento, a educação financeira consegue blindar
o bolso e evitar um descontrole. É o que explica a assessora de investimentos
da XP no Ceará, Wanádia Martins.
“O
crédito ficou mais acessível, mas a educação financeira não avançou no mesmo
ritmo. Muitas famílias ampliaram o consumo antes de criar reservas de
segurança, e isso as deixa vulneráveis a imprevistos. Em um estado onde boa
parte da renda é comprometida com despesas fixas, qualquer descompasso no
orçamento pode levar ao endividamento”, coloca.
A
especialista aponta que mais do que saber fazer contas, educação financeira
significa aprender a tomar decisões que favoreçam o futuro — como controlar
impulsos de consumo, diferenciar necessidade de desejo e entender o poder dos
juros compostos a seu favor, não contra. O objetivo é conseguir olhar para o
futuro e traçar sonhos, mesmo quando o atual não é favorável.
Segundo
Wanádia, o principal é dar o primeiro passo: saber quanto se está devendo. “É
preciso entender para onde vai cada centavo. Em seguida, renegociar dívidas
caras, como cartão e cheque especial, e criar uma pequena reserva antes de
pensar em investir. Só assim a família evita voltar ao ciclo da dívida”,
resume.
Ela
afirma que é possível começar um patrimônio, mesmo que com pouco. “Patrimônio é
construído com disciplina e constância, não apenas com grandes aportes. Guardar
R$ 100 por mês já é o início de um hábito poderoso”, diz.
Dicas
de Wanádia Martins para sair das dívidas e começar a investir
●
Mapeie seu dinheiro – Anote todos os gastos por pelo menos 30 dias para
entender para onde sua renda está indo.
●
Renegocie dívidas caras – Priorize quitar cartão de crédito e cheque especial,
que têm os juros mais altos.
●
Monte uma reserva de emergência – O ideal é guardar de 3 a 6 meses de despesas
essenciais, mesmo que seja pouco por mês.
●
Estabeleça metas realistas – Comece com valores pequenos e aumente gradualmente
o aporte.
●
Separe consumo de investimento – Trate o dinheiro que vai para investimentos
como “conta intocável”.
●
Aproveite produtos de baixo risco no início – Tesouro Direto e CDBs podem ser
bons primeiros passos.
● Use
a tecnologia a seu favor – Aplicativos e plataformas podem ajudar a acompanhar
metas e investimentos.
●
Eduque toda a família – Envolver todos nas decisões financeiras evita que um
gaste o que o outro está tentando poupar.
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