A
construção civil é responsável por uma fatia significativa dos impactos
ambientais globais. Segundo estimativas do Conselho Internacional da
Construção, estima-se que mais de 50% dos resíduos sólidos gerados pelo
conjunto das atividades humanas sejam provenientes da construção. Além disso,
os canteiros de obras são grandes geradores de resíduos sólidos e demandam
volumes expressivos de água e matérias-primas. Diante deste contexto, cresce o
papel das construtoras na adoção de ações sustentáveis capazes de minimizar
danos ambientais e transformar a forma de construir cidades.
Em um
cenário em que o mundo discute soluções mais eficientes e menos poluentes, o
setor tem sido cada vez mais pressionado a rever práticas e buscar alternativas
que conciliem desenvolvimento urbano e responsabilidade ambiental. Nesse
contexto, as construtoras desempenham um papel fundamental: cabe a elas não
apenas seguir as regulamentações ambientais, mas também liderar mudanças
positivas nos canteiros de obras, adotando tecnologias limpas, reutilizando
recursos e promovendo uma cultura interna voltada para a preservação do meio
ambiente.
Algumas
empresas do setor têm se destacado ao incorporar a sustentabilidade como um
valor estratégico, presente nas etapas do processo construtivo. Um exemplo é a
MRV, maior construtora da América Latina, que vem investindo em práticas ambientais
concretas dentro e fora dos canteiros de obras. A empresa realiza o
reaproveitamento de água pluvial, utiliza equipamentos economizadores de
energia e promove ações de coleta seletiva, além de estimular a reutilização
criativa de materiais como madeira, metal e plástico, transformando sobras em
itens funcionais para uso interno nas obras.
“Entre
as medidas implementadas pela companhia estão sistemas como o ‘Lava Bicas’ e o
‘Lava Pincéis’, que realizam a decantação e filtragem da água usada nesses processos,
permitindo sua reutilização para limpeza de equipamentos, pisos e irrigação. Já
a água do lavatório, por exemplo, é reaproveitada para a descarga dos
mictórios. Tudo com o objetivo de reduzir o consumo de água potável”, explica
Nestor Cunha, técnico em meio ambiente da MRV no Ceará.
A
construtora também avalia periodicamente indicadores de consumo de recursos e
define metas de redução, além de realizar treinamentos com equipes sobre
práticas sustentáveis. “Sobras de concreto são reutilizadas em elementos como
tampas de bueiro e blocos; madeiras viram suportes e coletores; e metais e
plásticos ganham nova função como prateleiras, lousas e placas informativas”,
pontua Nestor. Outro destaque é a utilização de kits de mitigação com serragem
reaproveitada, que ajudam a evitar a contaminação do solo em casos de
vazamentos de produtos.
Novas
fachadas
Para
além dos canteiros, a MRV também iniciou recentemente uma modernização em suas
fachadas e projetos paisagísticos. A nova abordagem foi desenvolvida com base
em uma pesquisa nacional com clientes e visa refletir o estilo de vida atual,
especialmente de jovens e famílias que buscam qualidade de vida com preço
justo. Inspirado nos seis biomas brasileiros — Amazônia, Mata Atlântica,
Cerrado, Caatinga, Pampa e Pantanal —, o projeto combina design contemporâneo,
uso racional de materiais, soluções funcionais e conexão com a natureza.
“As
fachadas ganham uma paleta de cores inspirada na natureza, enquanto o
paisagismo privilegia espécies nativas adaptadas a cada região, promovendo
identidade local e menor custo de manutenção”, afirma o especialista ambiental.
À
medida que novas tecnologias e materiais ecológicos se tornam mais acessíveis,
o setor encontra oportunidades para transformar desafios ambientais em
diferenciais competitivos. A expectativa é que, em alguns anos, práticas como
gestão de resíduos e eficiência energética deixem de ser exceção para se
tornarem padrão em todos os empreendimentos.
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