O
curso de Cinema e Audiovisual da Universidade de Fortaleza – instituição da
Fundação Edson Queiroz – está em festa! O curta-metragem “Fenda”, produzido por
docentes, egressos e alunos da Unifor, vai representar o Ceará na 52ª edição do
Festival de Gramado, maior festival de cinema do Brasil. A organização do
evento anunciou os filmes concorrentes nas mostras competitivas de
Curtas-Metragens Brasileiros e Documentários Nacionais nesta quarta-feira (17).
“É uma
alegria enorme a seleção do filme ‘Fenda’ para a competição do Festival de
Gramado, uma esfera de distinção e reconhecimento internacional no campo
audiovisual. Dirigido pela professora do nosso curso Lis Paim, a equipe
integrou um grupo de alunas e alunos, que vivenciaram uma experiência
extraordinária. Nossa torcida é que o filme circule pelo mundo, mobilizando
sensibilidades e abrindo caminhos para nossos alunos”, celebra Bete Jaguaribe,
coordenadora do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor.
Além
de dirigir o curta-metragem, Lis Paim assinou o roteiro, a montagem e o desenho
de som do filme, e atuou também na produção. Ela afirma que se sente muito
honrada em ter tido seu primeiro filme como diretora considerado pela curadoria
do Festival, especialmente nesta edição. “Estrear o filme em Gramado este ano
tem uma força simbólica muito grande, pois esta é uma edição atípica do
Festival, de resistência, depois de uma tragédia enorme que se abateu sobre o
Sul e que ainda não ficou no passado dessas pessoas. Além disso, fico muito
animada também em ver a presença de mulheres cearenses diretoras ganhando
visibilidade, porque acho que esta é uma lacuna histórica na cena daqui”,
destaca.
Os 12
curtas brasileiros selecionados, entre 679 produções de todas as regiões do
país, serão apresentados no Palácio dos Festivais, nos dias 12 e 13 de agosto,
com seis filmes por sessão. Além disso, serão exibidos na grade linear do Canal
Brasil, com transmissão em todo o território nacional, do dia 12 ao dia 15 de
agosto, sempre a partir das 19h, com três filmes por sessão.
Um dos
diretores de produção do filme, o egresso da Unifor, Davi Jaguaribe também
comemora a seleção para o festival e acentua a delicadeza poética do processo
de criação, liderado por Paim, que apostou
em uma equipe que misturou grandes profissionais com realizadores em
início de trajetória. “Foi uma experiência de muito aprendizado coletivo!”,
destacou.
“É uma
honra estrear em Gramado, num dos maiores festivais de cinema do Brasil! Em
seus primeiros anos de existência, a Onça Preta Filmes começa sua trajetória
com um feito significativo para uma produtora iniciante, graças à Lis Paim,
professora querida e artista sensível, que faz sua estreia como diretora e
roteirista de um projeto comovente” -
Davi Jaguaribe, egresso do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor
Cinema
na prática
Recém-graduada,
Dinorá Melo, que atuou como assistente de montagem quando ainda estava cursando
Cinema e Audiovisual na Unifor, enaltece a oportunidade de trabalhar na
produção do curta-metragem e os aprendizados conquistados. “Foi minha primeira
vez sendo assistente de montagem, uma área que planejo seguir. Eu nunca li o
roteiro, minhas únicas referências eram o material em si, ou seja, o que foi
filmado e captado. Isso foi proposital e me estimulou a conhecer a história a partir
do quebra cabeça de imagens e sons captados. Lis foi minha professora de
montagem, então esta foi mais uma oportunidade de aprender com ela”, afirma.
A
egressa da Unifor ressalta ainda que pode aprender sobre o peso de cada escolha
de corte, sobre o fluxo que guia o trabalho até a forma final e sobre a
importância do trabalho de cada um no processo de produção de um filme.
“Quando
vi o filme pronto no cinema, com as demais pessoas que trabalharam nele, pude
compartilhar um momento significativo enquanto equipe, aquele de ver o trabalho
pronto. A partir daí, os filmes ganham o mundo. Fenda ser exibido no Festival
de Gramado é uma grande alegria, pois esse filme deve ser visto. É um retrato
sensível da relação entre duas mulheres” - Dinorá Melo, egressa do curso de
Cinema e Audiovisual da Unifor
Alegria
e nervosismo oscilaram na experiência de Andreza Ohana, aluna do curso de
Cinema e Audiovisual da Unifor, que teve a oportunidade de estagiar na produção
de “Fenda” como microfonista. “Admito que inicialmente fiquei muito nervosa,
porque, primeiro, eu estava trabalhando com profissionais extremamente
renomados e eu era só uma estagiária participando de um primeiro filme grande
fora da universidade, e, segundo, porque Lis sempre foi uma referência para mim
e trabalhar com ela, em seu primeiro curta-metragem, parecia surreal demais!”,
relata.
Ainda
segundo Andreza, o orgulho foi o sentimento que veio depois de ver o filme
pronto e do jeito que toda a equipe esperava e, principalmente, do jeito que
Lis imaginou. Por isso, para ela, a seleção do filme para o Festival de Gramado
não surpreendeu.
“O
filme ficou lindo, delicioso de ser assistido e extremamente emocionante.
Quando descobri que o ‘Fenda’ ia representar o Ceará no festival, eu não fiquei
surpresa porque o filme é potente suficiente para estrear em Gramado, mas eu me
senti tão orgulhosa do nosso trabalho, do nosso esforço e da dedicação de toda
equipe, que só abracei minha mãe e falei da felicidade de ter feito parte desse
processo. o Fenda, foi sem dúvida, uma das melhores coisas que aconteceu na
minha formação enquanto estudante e eu tenho certeza que só aconteceu porque
sou aluna da Unifor”, Andrezza Ohana, aluna no curso de Cinema e Audiovisual da
Unifor
Participaram
também da produção do filme o docente Samuel Brasileiro, que atuou como
assistente de direção; os egressos Leão Neto (direção de produção), Sávio
Fernandes (efeitos especiais) e Nathan Ary (assistente de arte e de pesquisa);
e a aluna Magi do Carmo (logger), que, assim como Andreza Ohana, foi
selecionada por uma convocatória pública de estágio.
Equipe
de produção do curta-metragem “Fenda” (Foto: Jamille Queiroz)
Sobre
o curta-metragem
Com
elenco inteiramente feminino, com as atrizes Edvana Carvalho, Noélia Montanhas
e Monique Cardoso, o curta conta a história de Marta, uma cientista botânica
que vive apartada de suas raízes num apartamento lotado de plantas, longe de
sua cidade natal. Mesmo contra a sua vontade, ela aceita receber a visita de
Diná, uma velha senhora doce e enxerida, que chega à cidade e tenta
desesperadamente penetrar na sua intimidade.
“Fenda
surgiu da vontade de ter meu primeiro filme protagonizado por mulheres negras,
entre a maturidade e a velhice, recorte este infelizmente ainda pouco visto no
cinema. Um filme sobre os laços que conectam e ao mesmo tempo separam essas
personagens. Poeticamente, o título propõe a ideia de uma fissura estreita e
longa de separação, mas também de uma pequena abertura, um acidente improvável,
uma rachadura no espaço-tempo pela qual pode irromper a faísca de reconexão do
elo ancestral que já se acreditava completamente perdido” - Lis Paim, diretora
de “Fenda” e professora do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor
O
enredo gira em torno de temáticas bastante significativas para Lis Paim, que
carregam discussões políticas e femininas muito atuais, focando na relação
entre personagens femininas. “São assuntos que me movem. Fenda é um filme
político também, na minha opinião, protagonizado por duas atrizes pretas, em
que uma delas é uma mulher cientista, algo ainda muito incomum na nossa
realidade. O Brasil é um país partido, profundamente desigual, formado a partir
de histórias de violências e de separação por meio da diáspora africana, das
migrações, especialmente nordestinas, por exemplo. E é dessa fissura que surgem
histórias como a de Fenda, das fissuras sociais que se refletem também no
ambiente mais doméstico, nos elos partidos dentro de nossas casas, na vida
íntima das mulheres”, sublinha Paim.
“Fenda”
é uma produção de Onça Preta Filmes e Tela Tudo, em parceria com Orla Filmes e
Veneta Filmes, com o apoio do curso de Cinema e Audiovisual da Unifor e
Iluminura Filmes. O projeto é apoiado pela Secretaria Estadual da Cultura,
através do Fundo Estadual da Cultura - Lei Estadual nº 13.811, de 16 de agosto
de 2006.
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