O
engenheiro mecânico cearense, Guilherme Farias, que reside atualmente na
Singapura, no Sudeste Asiático e trabalha há mais de uma década no setor de
óleo e gás, mostra que o Estado do Ceará tem ventos privilegiados e, ainda, uma
infraestrutura portuária e know-how em engenharia oceânica para se tornar um
hub de energia renovável.
Segundo
Guilherme, enquanto o mundo busca alternativas energéticas sustentáveis, o
Estado do Ceará se encontra em uma posição única: o mesmo conhecimento que
transformou o estado em referência no que diz respeito à exploração offshore de
petróleo está agora pavimentando seu caminho para se tornar líder em energia
eólica no mar.
Com
ventos que atingem até 10 m/s e o Porto do Pecém sendo adaptado para servir
como base de operações, o Ceará que está na vanguarda pode atrair mais de R$ 50
bilhões em investimentos no setor até 2030, conforme projeções da Federação das
Indústrias do Estado do Ceará (FIEC).
· Do Óleo ao Vento: A Transição em
Andamento
O
litoral cearense que já abriga plataformas de petróleo e terminais de gás
natural, vê gigantes como a EDF e a
Ocean Winds (joint venture da EDP e ENGIE) disputarem espaço para instalar
parques eólicos offshore.
• Potencial Confirmado: Estudos do
Centro de Energias Renováveis da Universidade Federal do Ceará (UFC) mostram
capacidade para até 40 GW somente no litoral cearense – suficiente para
abastecer 30 milhões de residências.
• Infraestrutura Pronta: O Complexo do
Pecém, com calado profundo e experiência em logística offshore, já negocia com
12 empresas para servir como hub de instalação e manutenção de turbinas.
• Mão de Obra Qualificada: Cursos
técnicos no SENAI-CE já adaptaram grades para formar especialistas em eólica
marinha, aproveitando conhecimentos da indústria do petróleo.
· Tecnologia em Ação
A
Petrobrás instalou no Pecém, em parceria com a UFC, o sistema "Bravo"
– um avançado flutuador equipado com
tecnologia LiDAR (Light Detection and Ranging) que coleta dados precisos de
ventos, ondas e correntes. "Essas medições são cruciais para viabilizarem
projetos comerciais", pontua o coordenador do Núcleo de Energia da
Universidade Federal do Ceará, professor Carlos Rocha.
· Desafios e Oportunidades
Apesar
do potencial, especialistas alertam:
Ø A
demora no licenciamento ambiental pelo IBAMA já atrasou em 2 anos o primeiro
leilão offshore no estado.
Ø A
necessidade de políticas claras para atrair fabricantes de turbinas e
componentes.
· O que dizem os Players
O
Ceará reúne ventos estáveis, infraestrutura e mão de obra. É o lugar ideal para
os projetos de 10 GW, segundo o diretor da EDF Renewables Brasil, Antoine
Duthilleul.
· Próximos Passos
O
governo estadual monta um pacote de incentivos fiscais para fábricas de
componentes eólicos, enquanto a FIEC articula a criação de um cluster
tecnológico no Pecém.
· Box 01 - Números que Impressionam
Ø 40
GW – Potencial eólico offshore do Ceará
Ø R$
50 bi – Investimentos previstos até 2030
Ø 12
empresas – Em negociação para usar o Pecém como base
Ø 10
m/s – Velocidade média dos ventos no litoral
· Box 02 - Cronograma Offshore
Ø
2025: Primeiros testes com turbinas flutuantes
Ø 2026:
Leilão federal para áreas no CE
Ø
2028: Início operacional do 1º parque comercial
· O Sistema Bravo
Desenvolvido
pela Petrobrás em parceria com o SENAI, o Sistema Bravo é um equipamento
projetado para mapear o potencial eólico offshore do Brasil. Este projeto
representa um marco na transição energética brasileira, combinando expertise em
engenharia oceânica e energias renováveis.
*
Principais características do Sistema Bravo
>
1.Tecnologia LiDAR
Utiliza
lasers para medir velocidade e direção do vento, além de outros parâmetros
ambientais como pressão atmosférica, umidade, altura das ondas, direção das correntes
marítimas 13. O LiDAR desenvolvido pelo SENAI Inovação em Energias Renováveis
(ISI-ER) é 100% brasileiro.
>
2.Autonomia e Sustentabilidade
Além
de pesar 7 toneladas e ser alimentado por painéis solares fotovoltaicos, o
Sistema Bravo garante operação contínua sem necessidade de combustíveis fósseis
13. É, também, projetado para resistir às condições adversas do mar brasileiro,
incluindo tempestades e correntes fortes.
>
3.Fases do Projeto
* Fase
1 (Concluída):
>Investimento
de R$ 11,3 milhões (ANEEL).
*Um
protótipo operou por 1 ano sem interrupções no litoral do Rio Grande do Norte,
coletando dados em diferentes condições climáticas 23.
* Fase
2 (Em Andamento):
>R$
60 milhões em investimentos (recursos da ANP).
*Serão
instalados 5 novos flutuadores até o final de 2025, ampliando a cobertura para
outras regiões costeiras 13.
*
Objetivos e Impactos
>Mapeamento
do Potencial Eólico:
O
Bravo está gerando dados essenciais para identificar as melhores áreas para
parques eólicos offshore, com foco no Nordeste e Sul do Brasil 2. Os dados
incluem medições em períodos de ventos mais intensos, cruciais para projetos
comerciais 3.
*
Integração com a Indústria de Petróleo
A
tecnologia de ancoragem e monitoramento remoto desenvolvida para FPSOs está
sendo adaptada para turbinas eólicas flutuantes 2. Portos como Pecém (CE) e Açu
(RJ), usados para FPSOs, serão hubs para a instalação de parques eólicos 3.
*
Energia Limpa e Transição Energética:
O
projeto é parte da estratégia da Petrobrás para reduzir emissões e diversificar
sua matriz energética 1. Dados do Bravo ajudarão a viabilizar projetos como os
da EDF (10 GW) e Ocean Winds (15 GW) 3.
· Próximos Passos
>
Expansão para Outras Bacias:
Dados
coletados serão usados para planejar parques eólicos em águas profundas (até
200 km da costa).
>
Parcerias Internacionais:
A
Petrobrás busca colaboração com empresas como Equinor e Shell para desenvolver
tecnologias híbridas (eólica + hidrogênio verde) 2. O diretor de Transição
Energética da Petrobrás 1, Maurício Tolmasquim, diz: "O Bravo não é só um
projeto de medição – é a base para o Brasil se tornar um líder global em
energia eólica offshore".
· Fontes: Petrobrás, SENAI e relatórios do
projeto Bravo 123.
O
Engenheiro
Cearense
de Juazeiro do Norte, José Guilherme Farias Ribeiro é engenheiro mecânico
formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele atua há mais de 15 anos
no setor de óleo e gás, com experiência internacional na construção e
comissionamento de plataformas do tipo FPSO, tendo trabalhado em projetos
estratégicos no Brasil, Singapura e China. Guilherme Farias é, também, sócio de
uma empresa de consultoria técnica em engenharia.
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