sábado, 26 de julho de 2025

COMO O PETRÓLEO OFFSHORE ABRE CAMINHO PARA ENERGIA EÓLICA NO MAR

Foto divulgação

O engenheiro mecânico cearense, Guilherme Farias, que reside atualmente na Singapura, no Sudeste Asiático e trabalha há mais de uma década no setor de óleo e gás, mostra que o Estado do Ceará tem ventos privilegiados e, ainda, uma infraestrutura portuária e know-how em engenharia oceânica para se tornar um hub de energia renovável.

Segundo Guilherme, enquanto o mundo busca alternativas energéticas sustentáveis, o Estado do Ceará se encontra em uma posição única: o mesmo conhecimento que transformou o estado em referência no que diz respeito à exploração offshore de petróleo está agora pavimentando seu caminho para se tornar líder em energia eólica no mar.

Com ventos que atingem até 10 m/s e o Porto do Pecém sendo adaptado para servir como base de operações, o Ceará que está na vanguarda pode atrair mais de R$ 50 bilhões em investimentos no setor até 2030, conforme projeções da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC).

·      Do Óleo ao Vento: A Transição em Andamento

O litoral cearense que já abriga plataformas de petróleo e terminais de gás natural, vê  gigantes como a EDF e a Ocean Winds (joint venture da EDP e ENGIE) disputarem espaço para instalar parques eólicos offshore.

•           Potencial Confirmado: Estudos do Centro de Energias Renováveis da Universidade Federal do Ceará (UFC) mostram capacidade para até 40 GW somente no litoral cearense – suficiente para abastecer 30 milhões de residências.

•           Infraestrutura Pronta: O Complexo do Pecém, com calado profundo e experiência em logística offshore, já negocia com 12 empresas para servir como hub de instalação e manutenção de turbinas.

•           Mão de Obra Qualificada: Cursos técnicos no SENAI-CE já adaptaram grades para formar especialistas em eólica marinha, aproveitando conhecimentos da indústria do petróleo.

·      Tecnologia em Ação

A Petrobrás instalou no Pecém, em parceria com a UFC, o sistema "Bravo" – um  avançado flutuador equipado com tecnologia LiDAR (Light Detection and Ranging) que coleta dados precisos de ventos, ondas e correntes. "Essas medições são cruciais para viabilizarem projetos comerciais", pontua o coordenador do Núcleo de Energia da Universidade Federal do Ceará, professor Carlos Rocha.

·      Desafios e Oportunidades

Apesar do potencial, especialistas alertam:

Ø A demora no licenciamento ambiental pelo IBAMA já atrasou em 2 anos o primeiro leilão offshore no estado.

Ø A necessidade de políticas claras para atrair fabricantes de turbinas e componentes.

·      O que dizem os Players

O Ceará reúne ventos estáveis, infraestrutura e mão de obra. É o lugar ideal para os projetos de 10 GW, segundo o diretor da EDF Renewables Brasil, Antoine Duthilleul.

·      Próximos Passos

O governo estadual monta um pacote de incentivos fiscais para fábricas de componentes eólicos, enquanto a FIEC articula a criação de um cluster tecnológico no Pecém.

·      Box 01 - Números que Impressionam

Ø 40 GW – Potencial eólico offshore do Ceará

Ø R$ 50 bi – Investimentos previstos até 2030

Ø 12 empresas – Em negociação para usar o Pecém como base

Ø 10 m/s – Velocidade média dos ventos no litoral

·      Box 02 - Cronograma Offshore

Ø 2025: Primeiros testes com turbinas flutuantes

Ø 2026: Leilão federal para áreas no CE

Ø 2028: Início operacional do 1º parque comercial

·      O Sistema Bravo

Desenvolvido pela Petrobrás em parceria com o SENAI, o Sistema Bravo é um equipamento projetado para mapear o potencial eólico offshore do Brasil. Este projeto representa um marco na transição energética brasileira, combinando expertise em engenharia oceânica e energias renováveis.

* Principais características do Sistema Bravo

> 1.Tecnologia LiDAR

Utiliza lasers para medir velocidade e direção do vento, além de outros parâmetros ambientais como pressão atmosférica, umidade, altura das ondas, direção das correntes marítimas 13. O LiDAR desenvolvido pelo SENAI Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) é 100% brasileiro.

> 2.Autonomia e Sustentabilidade

Além de pesar 7 toneladas e ser alimentado por painéis solares fotovoltaicos, o Sistema Bravo garante operação contínua sem necessidade de combustíveis fósseis 13. É, também, projetado para resistir às condições adversas do mar brasileiro, incluindo tempestades e correntes fortes.

> 3.Fases do Projeto

* Fase 1 (Concluída):

>Investimento de R$ 11,3 milhões (ANEEL).

*Um protótipo operou por 1 ano sem interrupções no litoral do Rio Grande do Norte, coletando dados em diferentes condições climáticas 23.

* Fase 2 (Em Andamento):

>R$ 60 milhões em investimentos (recursos da ANP).

*Serão instalados 5 novos flutuadores até o final de 2025, ampliando a cobertura para outras regiões costeiras 13.

* Objetivos e Impactos

>Mapeamento do Potencial Eólico:

O Bravo está gerando dados essenciais para identificar as melhores áreas para parques eólicos offshore, com foco no Nordeste e Sul do Brasil 2. Os dados incluem medições em períodos de ventos mais intensos, cruciais para projetos comerciais 3.

* Integração com a Indústria de Petróleo

A tecnologia de ancoragem e monitoramento remoto desenvolvida para FPSOs está sendo adaptada para turbinas eólicas flutuantes 2. Portos como Pecém (CE) e Açu (RJ), usados para FPSOs, serão hubs para a instalação de parques eólicos 3.

* Energia Limpa e Transição Energética:

O projeto é parte da estratégia da Petrobrás para reduzir emissões e diversificar sua matriz energética 1. Dados do Bravo ajudarão a viabilizar projetos como os da EDF (10 GW) e Ocean Winds (15 GW) 3.

·      Próximos Passos

> Expansão para Outras Bacias:

Dados coletados serão usados para planejar parques eólicos em águas profundas (até 200 km da costa).

> Parcerias Internacionais:

A Petrobrás busca colaboração com empresas como Equinor e Shell para desenvolver tecnologias híbridas (eólica + hidrogênio verde) 2. O diretor de Transição Energética da Petrobrás 1, Maurício Tolmasquim, diz: "O Bravo não é só um projeto de medição – é a base para o Brasil se tornar um líder global em energia eólica offshore".

·      Fontes: Petrobrás, SENAI e relatórios do projeto Bravo 123.

O Engenheiro

Cearense de Juazeiro do Norte, José Guilherme Farias Ribeiro é engenheiro mecânico formado pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Ele atua há mais de 15 anos no setor de óleo e gás, com experiência internacional na construção e comissionamento de plataformas do tipo FPSO, tendo trabalhado em projetos estratégicos no Brasil, Singapura e China. Guilherme Farias é, também, sócio de uma empresa de consultoria técnica em engenharia.


 

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