A
Associação Caatinga lançou, na última quinta-feira (11), o documentário “NCC:
Histórias de Mudança”. A trama, que está disponível gratuitamente no YouTube
(https://youtu.be/-l9TRd8tBRY?si=2SYERCyMrz-k2AQV), conta a história do projeto
“No Clima da Caatinga (NCC)”, uma iniciativa que realiza ações no semiárido
nordestino para desenvolver comunidades rurais por meio da conservação do meio
ambiente.
A obra
é protagonizada por duas mulheres sertanejas: Elisabete Soares e Antonia Gomes.
Ambas são participantes do projeto “No Clima da Caatinga”, que é realizado pela
Associação Caatinga e patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa
Petrobras Socioambiental. Ao longo do tempo, por meio do projeto, elas foram
apoiadas com a instalação em suas residências de tecnologias sociais de
convivência com o semiárido, como as cisternas de placa, fogões ecoeficientes e
sistema bioágua, equipamento que reutiliza a 'água cinza', que vem da pia,
máquina de lavar e chuveiro para irrigar hortaliças, frutas e jardins. Além
disso, participaram ativamente de outras iniciativas, como o programa de
educação ambiental, que envolve um conjunto de ações que buscam, em sincronia
com as outras linhas de atuação do projeto, contribuir para a criação de
oportunidades socioeconômicas, além de promover a resiliência climática e o
bem-estar dessas famílias.
Para o
coordenador geral da Associação Caatinga, Daniel Fernandes, o documentário é
uma ferramenta útil para mostrar ao público como os povos da Caatinga podem se
desenvolver sem degradar o bioma. “O documentário traz um apanhado sobre como o
projeto atua na conservação da Caatinga ao mesmo tempo em que promove o
desenvolvimento local sustentável de famílias do semiárido, o que fica ainda
mais especial, visto que a obra é apresentada por duas sertanejas incríveis”,
afirma.
Dona
Elisabete e Dona Antonia, como são mais conhecidas na região, moram em Jatobá
Medonho, uma comunidade rural situada nos arredores da Reserva Natural Serra
das Almas, unidade de conservação localizada entre os municípios de Crateús
(CE) e Buriti dos Montes (PI). Essa área protegida tem 6.285 hectares de
extensão e é gerenciada pela Associação Caatinga.
Dessa
forma, tanto Dona Elizabeth quanto Dona Antonia estão no raio de atuação do No
Clima da Caatinga, uma vez que as ações do projeto alcançam as 40 comunidades
rurais que estão ao redor da Serra das Almas. A iniciativa é executada por meio
de 7 linhas de atuação: criação e gestão de áreas protegidas, restauração
florestal, fomento a políticas públicas, distribuição de tecnologias
sustentáveis, educação ambiental, comunicação e pesquisa científica.
Projeto
No Clima da Caatinga
Realizado
pela Associação Caatinga e patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa
Petrobras Socioambiental, o projeto No Clima da Caatinga tem o objetivo de
diminuir os efeitos potencializadores do aquecimento global por meio da
conservação do semiárido, a partir do desenvolvimento de um modelo integrado de
conservação da Caatinga.
O
projeto vem sendo realizado desde 2011. O documentário, contudo, homenageia o
encerramento da quarta fase do No Clima da Caatinga, que durou três anos, de
2021 a 2024. Durante esse período, a iniciativa alcançou diversos marcos para a
região semiárida. Ao total, o projeto alcançou diretamente 33.309 pessoas por
meio de ações socioambientais, criou duas unidades de conservação, realizou o
plantio de 10.100 mudas, contribuiu para a proteção de espécies ameaçadas de
extinção, como o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), a guariba-da-caatinga
(Alouatta ululata) e a onça-parda (Puma concolor), bem como proporcionou, por
meio da preservação da Reserva Natural Serra das Almas, 1.647.245 toneladas de
carbono estocado e o escoamento evitado de 4.8 bilhões de litros de água por
ano, o que equivale ao abastecimento de 300 mil cisternas de placa com
capacidade de armazenamento de 16 mil litros cada uma.
Além
disso, o projeto distribuiu tecnologias sociais, como cisternas de placas,
canteiros biosépticos e meliponários, para os moradores das comunidades do
entorno da Serra das Almas. “As tecnologias disseminadas não só contribuem para
a conservação ambiental, mas também trazem geração de renda e segurança hídrica
e resiliência à crise climática para as famílias”, explica Daniel Fernandes.
O
projeto também realizou ações de educação ambiental, como exposições, sessões
de cinema e teatros de fantoches, nas comunidades. Um dos destaques foram os
‘Encontros de Suporte à Primeira Infância’ para pais e responsáveis, com o
objetivo de auxiliá-los no desenvolvimento infantil de crianças e adolescentes.
Os encontros foram conduzidos por uma psicóloga, que apresentou novas formas de
lidar com questões familiares. Outro destaque foi o ‘Curso de Empreendedorismo
Feminino’. A atividade teve como objetivo promover o empreendedorismo feminino
e incentivar o debate sobre a equidade de gênero.
A
incidência em políticas públicas também é destaque no projeto. Nesta fase, foi
realizado a segunda edição do seminário Incentivos Econômicos para Conservação
da Natureza, culminando na promulgação da Lei Estadual de Pagamentos por
Serviços Ambientais no estado do Ceará.
Resultados
do projeto
33.309
pessoas alcançadas diretamente pelas ações do projeto;
02
Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) criadas;
04
RPPNs apoiadas com a implementação dos planos de manejo;
6.347,08
hectares protegidos;
1.647.245
toneladas de carbono estocado na Reserva Natural Serra das Almas (RNSA);
01
trilha acessível construída na RNSA;
Proteção
de espécies da fauna e da flora da Caatinga, como o tatu-bola, a
guariba-da-caatinga e a onça-parda;
07
microbacias hidrográficas abrangidas;
11,7
hectares restaurados e enriquecidos;
10.100
mudas de espécies nativas plantadas;
118
tecnologias sociais implementadas (11 meliponários, 20 cisternas de placas, 75
canteiros biosépticos e 12 banheiros);
4,8
bilhões de litros d’água de escoamento evitado por ano na RNSA;
744.000
litros de água reutilizada por meio de sistema bioágua;
1.868.000
litros de água captados em cisternas de placa;
356
horas de formações diversas.
75
famílias envolvidas nos encontros de suporte à primeira infância;
36
mulheres capacitadas em gênero, meio ambiente e empreendedorismo;
Entre
outros.
Sobre
a Associação Caatinga
A
Associação Caatinga (AC) foi fundada no Ceará em 1998 com o apoio do Fundo
Samuel Johnson para a Conservação da Caatinga, tendo a missão de conservar a
Caatinga, difundir suas riquezas e inspirar as pessoas a cuidar da natureza. É
uma entidade não governamental, sem fins lucrativos, que atua há 25 anos na
conservação e valorização da única floresta exclusivamente brasileira, ameaçada
e que concentra a maior biodiversidade entre as regiões semiáridas do planeta.
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