O
prazo está chegando ao fim. Até o próximo dia 26 de junho, a Prefeitura de
Fortaleza precisa concluir a convocação das psicólogas e psicólogos aprovados
no concurso público destinado à Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). O alerta é
do Conselho Regional de Psicologia da 11ª Região (CRP-CE), que considera a
quantidade de profissionais convocados até agora insuficiente para atender à
crescente demanda por saúde mental na capital.
Do
quantitativo de 310 psicólogas(os) do cadastro de reserva do concurso da RAPS,
apenas 59 profissionais têm previsão de serem
chamados até o momento – menos de 25% do total de cadastro de reservas e muito abaixo do recomendado por legislações e
parâmetros técnicos nacionais.
“Estamos
falando de um serviço essencial, que atende desde crianças até adultos em
situações de sofrimento psíquico. Essa convocação é uma questão de saúde
pública e de direitos da população”, afirma a psicóloga Larthenia Frota, CRP
11/08486, uma das psicólogas que está na lista de cadastro de reserva.
O
CRP11, através do seu GT de políticas
públicas do trabalho e enfrentamento da
precarização do trabalho da psicóloga, coordenado pela psicóloga conselheira
Niveamara Sidrac Lima Barroso, CRP11/ 01112,
chama atenção para o impacto direto dessa baixa convocação no dia a dia
das unidades da saúde mental de Fortaleza. Atualmente, muitas equipes estão
sobrecarregadas e atuam com número reduzido de profissionais. Além disso,
grande parte dos psicólogos hoje na rede trabalha sob contratos temporários,
com validade de apenas um ano, muitas vezes via terceirização.
“Como
estabelecer um vínculo terapêutico sólido, que é fundamental para o sucesso do
cuidado em saúde mental, diante de tamanha instabilidade nos vínculos de
trabalho?”, questiona a coordenadora do GT do CRP11.
Desde
2023, o Conselho tem mantido diálogo com a gestão municipal. Foram enviados
ofícios, apresentados estudos técnicos e feitas participações em audiências
públicas para reforçar a necessidade de ampliação das convocações. O mais
recente ofício foi encaminhado esta semana, como um último alerta, diante da
proximidade do fim da validade do concurso.
Além
de representar um gargalo no atendimento à população, a baixa convocação também
coloca Fortaleza em desacordo com legislações nacionais que regulam o
funcionamento da Rede de Atenção Psicossocial, como a Lei Federal nº
10.216/2001 e a Resolução nº 17/2022 do Conselho Federal de Psicologia, que
estabelecem parâmetros mínimos de equipe para os serviços de saúde mental.
Para o
CRP11, o não chamamento dos profissionais necessários representa não apenas um
retrocesso na política pública de saúde mental, mas também um risco concreto à
continuidade da luta antimanicomial, que defende o cuidado em liberdade e o
respeito aos direitos das pessoas em sofrimento psíquico.
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