Pouco
conhecida, mas fundamental no cuidado de pacientes com lesões na pele, a
profissão de estomaterapeuta, cuja data comemorativa é no dia 26 de junho, é
uma especialidade da enfermagem. Diante de casos de queimaduras, enxertos,
feridas traumáticas, infecção, remoção de tumores, tecidos infectados, feridas
necrotizantes, úlceras venosas, abdômen aberto e feridas diabéticas, é este o
especialista indicado para o manejo correto e, consequentemente, por devolver a
qualidade de vida do paciente. Outra grande aliada são as tecnologias avançadas
no tratamento de feridas, tendo como exemplo a terapia por pressão negativa.
No
caso das queimaduras, que fizeram 2.431 vítimas no Ceará em 2024, de acordo com
informações do Centro de Tratamento de Queimados em Fortaleza, no Brasil esse
número salta para um milhão por ano. Há ainda os casos de queimaduras que
chegam a óbito, estimado em 180 mil por ano no mundo. Outro tipo de ferida que
merece também bastante atenção, são as ocasionadas em pacientes diabéticos,
devido às lesões por pressão e úlceras venosas crônicas. Em relação a estes
casos, as estatísticas apontam aproximadamente 10 milhões de pessoas no Brasil.
Para a
enfermeira estomaterapeuta Larissa Tavares, “é importante que esse tema seja
colocado em pauta, pois é questão de saúde pública”. As lesões na pele, segundo
a especialista, exigem um tratamento multidisciplinar e, quando aliado às
melhores tecnologias, a recuperação do paciente é bem mais rápida. As exceções
para o uso da terapia por pressão negativa são para pacientes com osteomielite
não tratada (infecções ósseas), vasos sanguíneos, órgãos expostos e tecido
necrótico – neste último caso, desde que seja retirada a camada necrosada em
centro cirúrgico é possível prescrever esse tratamento.
E como
o 26 de junho também é o Dia Nacional de Prevenção de Diabetes no Brasil, a
estomaterapeuta Larissa Tavares aproveita para chamar a atenção para esses
pacientes. Isto porque, suas feridas evoluem com necrose extensa e processos
infecciosos que podem levar à amputação de partes do corpo e outros membros. “A
perda progressiva da sensibilidade nas extremidades inferiores faz com que os
diabéticos não percebam pequenos traumas nos pés, podendo levar à uma úlcera
crônica com menor potencial de cicatrização”, explica.
“A
terapia por pressão negativa tem que ser aplicada por um profissional
especializado no cuidado com feridas e com treinamento e conhecimento da tecnologia.
O ideal é que seja um enfermeiro estomaterapeuta ou enfermeiro dermatológico”
Larissa
Tavares
No
Ceará, a Health & Safe é a empresa com DNA cearense que trouxe a tecnologia
alemã Hartmann para o tratamento de lesões na pele. Treinada para atuar com
essa tecnologia, a estomaterapeuta Larissa Tavares explica que o ciclo inicial
recomendado é de 15 dias. A efetividade é avaliada a cada troca, levando em
consideração também a resposta do corpo do paciente, sua nutrição, o sono e até
mesmo o estado emocional, para, então, poder dar a tão esperada alta com o
processo cicatricial concluído. “De maneira mais simples, a terapia de pressão
negativa é um equipamento que faz uma pressão, uma pressão negativa, por isso o
nome “terapia por pressão negativa”, na lesão.”
Ainda
sobre o tratamento, a ser conduzido por um especialista, a pressão faz o vácuo,
que puxa o ar de toda a lesão, comprime o material que está sendo utilizado
para fazer essa ligação entre equipamento e lesão. Ou seja: comprime toda a
espuma, que fica em contato com a ferida. Todo esse processo de vácuo, material
utilizado na espuma e a pressão, faz um contexto diferenciado na lesão. “Ele
estimula a granulação, a formação de novos vasos e faz com que essa
cicatrização acelere”, esclarece Larissa.
O
líquido que está em excesso, conhecido por exudato, pode retardar a
cicatrização. Por isso, tem que estar em equilíbrio, de forma gerenciada. A
ferida precisa da umidade, mas essa umidade não pode ser excessiva. Então, a
terapia por pressão negativa faz essa sucção desse líquido em excesso e puxa
para um reservatório que está conectado ao equipamento. O processo de terapia
por pressão negativa é como se fosse um microambiente que é formado ali na
ferida, que traz as condições ideais para que a própria recuperação do corpo
seja eficaz, estimulando o próprio corpo a formar o ambiente ideal para o
processo de cicatrização.
A
estomaterapeuta Larissa Tavares atenta que o excesso de exudato ocasiona outros
problemas, que também atrapalham a cicatrização, como a maceração de borda, que
é quando a borda da ferida fica muito úmida. Por conta dessa umidade excessiva,
as bordas da ferida não conseguem se aproximar e isso gera uma camada
esbranquiçada, chamada de maceração. “Por isso que existe o tempo de troca de
cada curativo e cada tecnologia tem a sua recomendação. O tempo de troca da
terapia por pressão negativa são três dias, setenta e duas horas.
Números:
- O
Ceará conta com aproximadamente 250 estomaterapeutas
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