A Doença de Parkinson, conhecida por afetar progressivamente a
coordenação motora e causar tremores, rigidez e lentidão nos movimentos, pode
ganhar um novo capítulo após a cirurgia. Pacientes submetidos à estimulação
cerebral profunda (DBS), uma técnica neurocirúrgica indicada para casos mais
avançados da doença, apresentam resultados ainda mais positivos quando
incorporam a atividade física ao processo de recuperação.
De acordo com o neurocirurgião Dr. Rafael Maia, o exercício físico
exerce um papel crucial na reabilitação após a DBS. “A cirurgia ajuda a
controlar significativamente os sintomas motores. No entanto, a retomada de
movimentos e habilidades no cotidiano depende muito do estímulo constante ao
corpo e ao cérebro. É aí que o exercício se torna um verdadeiro aliado”,
explica.
Estudos recentes confirmam os efeitos positivos dessa combinação. Uma
análise publicada em 2022 na revista “npj Parkinson's Disease” revelou que
pacientes com Parkinson que praticam atividades físicas regulares após a
cirurgia apresentam avanços expressivos na função motora.
Segundo o estudo, houve uma melhora de quase 1 ponto na Escala de
Equilíbrio de Berg (teste utilizado para avaliar o equilíbrio funcional,
especialmente em idosos e pessoas com déficits de equilíbrio), além de ganhos
relevantes na velocidade de marcha, amplitude dos movimentos e desempenho
funcional em atividades simples, como levantar da cadeira e caminhar.
Outros indicadores clínicos avaliados na pesquisa mostraram:
Melhora da função motora, com redução nos sintomas de rigidez e
tremores;
Aumento da mobilidade, evidenciado por um acréscimo na distância
percorrida em testes de caminhada;
Diminuição no tempo para realização de tarefas motoras, como levantar-se
e locomover-se com autonomia.
Dr. Rafael ressalta que, embora o tipo e a intensidade dos exercícios
devam ser definidos caso a caso, especialmente com orientação de equipe
especializada, algumas atitudes simples já ajudam o paciente a ter um
pós-operatório mais ativo e positivo. “É importante manter o corpo em
movimento, respeitando os limites do organismo. Caminhadas leves, exercícios de
alongamento e atividades que desafiem o equilíbrio são bem-vindas, sempre com
segurança”, orienta.
Mais do que controlar os sintomas, o objetivo é devolver qualidade de
vida. A melhora no humor, no sono e na autoconfiança também são reflexos
importantes dessa abordagem mais ampla. “A neurocirurgia é o ponto de virada.
Mas é no dia a dia, com disciplina e estímulo, que o paciente realmente retoma
o protagonismo da sua vida”, conclui o especialista.
Nenhum comentário:
Postar um comentário