O
futuro do trabalho passa, necessariamente, pelo presente da juventude. Em um
país com profundas desigualdades e uma população jovem significativa, reconhecer
e fortalecer o protagonismo juvenil no mundo do trabalho é um imperativo social
e econômico. Mais do que mão de obra em formação, os jovens são agentes de
transformação que, com acesso à qualificação profissional, podem construir
trajetórias produtivas, inovadoras e sustentáveis.
Temas
como qualificação para o trabalho, projeto de vida profissional, inclusão
digital, empregabilidade e o futuro das
profissões são usualmente citados ao longo da programação de eventos voltados à
juventude. No entanto, é preciso ir além do discurso. A simples repetição
desses tópicos, muitas vezes de forma protocolar, pouco contribui para
enfrentar os desafios significativos vividos pelos jovens brasileiros.
De
acordo com a PNAD Contínua do IBGE, no quarto trimestre de 2024, a taxa de
desemprego entre jovens de 18 a 24 anos era de 12,9%, mais que o dobro da média
nacional, que ficou em 6,2%. Esse padrão se repetiu em todas as grandes regiões
do país, incluindo o Centro-Oeste.
Além
do desemprego, a falta de qualificação profissional é um obstáculo
considerável. Estima-se que cerca de 10,5 milhões de jovens brasileiros estão
sem estudar e sem trabalhar, representando 22% da população jovem. Essa
realidade é agravada pelo fato de que aproximadamente 9,8 milhões de jovens
entre 15 e 29 anos não concluíram a educação básica e não frequentam
instituições de ensino, o que compromete profundamente suas chances de inserção
produtiva na economia.
Diante
desse cenário, programas como o Jovem Aprendiz têm se mostrado fundamentais. Em
2024, o Brasil atingiu a marca histórica de 647 mil jovens aprendizes em
novembro (CAGED), o que representa um avanço expressivo na oferta de
oportunidades formais.
Fundamentado
na Lei da Aprendizagem (Lei nº 10.097/2000), o programa permite que
adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos tenham acesso a uma primeira
experiência profissional com carteira assinada, direitos trabalhistas
garantidos e capacitação teórica em ambiente protegido e qualificado.
É uma
ferramenta de transformação social que vai além de apenas uma porta de entrada
para o mercado de trabalho. Combina qualificação com prática profissional,
contribuindo para o desenvolvimento de competências técnicas e comportamentais,
incentivando a permanência na escola e a continuidade dos estudos, além de
promover uma compreensão mais ampla do trabalho como uma prática social
importante.
Ao
aderirem ao programa, as empresas não apenas cumprem uma obrigação legal, mas
também desempenham um papel crucial no desenvolvimento do país. Elas investem
no futuro, promovendo a inserção de uma nova geração - que reconhece a formação
profissional como um desejo e uma necessidade - no mundo do trabalho.
Com
esse compromisso, fortalece-se uma cultura de responsabilidade e de valorização
da juventude, capaz de gerar impactos positivos tanto para o ambiente
corporativo quanto para a sociedade como um todo. Com isso em vista, proponho
uma reflexão coletiva: que oportunidades estamos criando para os nossos jovens?
Como podemos, juntos, construir caminhos mais justos, inclusivos e promissores?
Mais
do que celebrar as conquistas até aqui, é tempo de agir — investindo em
políticas públicas eficazes, ampliando parcerias entre setor público e privado,
e reconhecendo o protagonismo juvenil como um motor essencial para a
transformação social e econômica do país.
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