Fortaleza deu um passo importante rumo à mobilidade urbana sustentável
no final de novembro, ao avançar para a fase piloto do Edital de Inovação Aberta
em Ciclomobilidade. O certame, que integra o primeiro Contrato Público de
Solução Inovadora (CPSI) do município, selecionou três iniciativas para testes
práticos, entre elas o projeto de Bicicleta Elétrica Compartilhada para
Entregadores, desenvolvido pela Serttel. A solução busca reduzir a dependência
das motocicletas no delivery, enfrentando problemas históricos da logística
urbana, como custos elevados, riscos de sinistros e impactos ambientais.
Segundo a Serttel, 70% das entregas hoje ainda são realizadas por
motocicletas, modalidade que expõe o trabalhador a riscos significativamente
maiores: motociclistas têm 3,3 vezes mais chance de sofrer lesões e 1,8 vez
mais risco de morte em sinistros de trânsito, quando comparados aos ciclistas.
Além da insegurança, o custo mensal com manutenção e combustível pode consumir
cerca de metade de um salário mínimo dos entregadores. Somam-se a isso os R$
620 milhões gastos pelos cofres públicos em sinistros de trânsito apenas em
2021, além do impacto ambiental, já que viagens típicas emitem, em média, uma
tonelada de CO₂ por ano.
Como alternativa, a Bicicleta Elétrica do Entregador foi concebida como
uma opção mais segura, confortável e econômica. A Serttel desenvolveu um
protótipo de baixo custo de manutenção, maior autonomia e maior eficiência
operacional para o delivery. O projeto pretende disponibilizar as bicicletas de
forma compartilhada, com tarifas acessíveis para os entregadores, a partir de
parcerias com empresas e prefeituras que subsidiem parte dos investimentos.
Após ouvir 45 entregadores em um levantamento de requisitos, o protótipo
recebeu especificações de alta performance para o uso urbano, como velocidade
máxima de 32 km/h, autonomia de 60 km, freios a disco dianteiros e traseiros,
sistema de 7 marchas e GPS integrado para monitoramento. O modelo de negócio
previsto sugere integrar as novas bicicletas ao sistema Bicicletar já existente
na capital, oferecendo um plano especial com subsídio destinado a profissionais
do delivery.
Com o projeto 3D finalizado e o primeiro protótipo físico construído, a
iniciativa da Serttel avança para a fase de testes em campo. A previsão é que a
pilotagem comece em dezembro de 2025, envolvendo cinco entregadores que
utilizarão as bicicletas diariamente. Durante essa etapa, serão avaliados
fatores como autonomia, conforto, desempenho, frenagem e robustez em condições
reais de uso. O avanço para a fase piloto do CPSI de Ciclomobilidade reforça o
protagonismo de Fortaleza na inovação de soluções de transporte.
“Este projeto vai muito além de uma bicicleta, é uma solução de
mobilidade que transforma a vida do entregador. Enfrentamos a problemática do
alto risco de sinistros e dos custos elevados que consomem metade do salário
mínimo desses profissionais. Nossa bicicleta elétrica oferece mais segurança,
autonomia de 60 km e um modelo compartilhado de baixo custo. Com a fase piloto,
avançamos para provar que a inovação, através de parcerias estratégicas, é o
caminho para uma Fortaleza mais segura, sustentável e economicamente justa para
quem vive de delivery”, destaca Israel Leite, Diretor Comercial da Serttel.

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