De
acordo com o relatório global World Mental Health Day 2024, conduzido pelo
Instituto Ipsos, o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial de países
mais estressados. O estudo mostra que 54% dos brasileiros apontam a saúde
mental como o principal problema de saúde do país e que o estresse já interfere
na rotina da maior parte da população.
O
relatório indica ainda que 62% das pessoas no mundo já se sentiram tão
estressadas a ponto de terem seu cotidiano afetado. No Brasil, a preocupação
cresce rapidamente: em 2018, apenas 18% consideravam a saúde mental como
principal problema; em 2024, o número saltou para 54%. O estudo também aponta
que 46% das mulheres da geração Z relatam impactos significativos do estresse
no estudo, no trabalho e nas relações pessoais.
Para o
consultor de negócios e especialista em estratégia e inovação, Wosley Nogueira,
esse quadro aparece com intensidade dentro das empresas, principalmente na reta
final do ano. “As organizações tratam dezembro como o início da crise, mas
dezembro apenas revela tudo que foi ignorado ao longo dos meses”, afirma.
“Quando a saúde mental não faz parte dos indicadores de gestão, a conta chega
com juros. E chega justamente no momento de maior cobrança.”
O
fenômeno, já conhecido como “dezembrite”, reúne exaustão acumulada, queda de
produtividade, dificuldade de concentração e aumento de afastamentos. Para
Wosley, porém, a origem não é sazonal, e sim estrutural. “Empresas que não
cuidam de carga de trabalho, não possuem políticas claras de saúde mental e
ignoram sinais de esgotamento vão enfrentar apagões produtivos no fim do ano. O
colaborador não entra em burnout só em dezembro. Ele chega ao fim do ano em
burnout.”
O
estudo Calendário da Saúde reforça o cenário: 45% dos brasileiros relatam
ansiedade e 19% relatam depressão, com maior incidência entre mulheres e
jovens. Médicos ouvidos no levantamento apontam que transtornos mentais
comprometem foco, desempenho e qualidade de vida, impactando diretamente
múltiplos setores profissionais.
A
dimensão econômica também chama atenção. Segundo relatório da Forbes, estresse
e falta de engajamento custam mais de 400 bilhões de dólares por ano à economia
global. Para Wosley, ignorar esses números compromete bem-estar, produtividade
e estratégia. “Saúde mental é produtividade, é gestão de risco, é eficiência.
Não é benefício, não é moda. É desempenho.”
Ele
destaca que empresas que atravessam dezembro com estabilidade têm um ponto em
comum: tratam saúde mental como parte da gestão de pessoas e de resultados.
“Quem espera o colapso para agir trabalha de forma reativa. O desafio é
construir ambientes saudáveis o ano inteiro.”

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