Seja
por gripe ou por reações alérgicas relacionadas à rinite ou sinusite, a congestão
nasal faz parte da rotina de muitos brasileiros. Em busca de uma solução
prática para esse incômodo no nariz, muitas pessoas recorrem aos
descongestionantes nasais e tendem a utilizá-los de forma negligente, o que
levanta discussões sobre os riscos, entre eles, a possibilidade de dependência.
Afinal, isso é mito ou verdade?
A
farmacêutica e professora do IDOMED, Maria Simone Mignoni, afirma que sim, o
vício atrelado aos descongestionantes nasais é um fato. No entanto, não se
trata de uma dependência química, como a que costuma ocorrer com drogas que
atuam no sistema nervoso central, mas sim de uma dependência psicológica. “Os
descongestionantes nasais são vasoconstritores que reduzem a coriza ao contrair
os vasos sanguíneos da mucosa. Porém, quando o efeito passa, ocorre uma
dilatação dos vasos e a congestão volta ainda mais forte. O uso por mais de
três dias pode causar dependência, fazendo o paciente sentir medo de ficar sem
o medicamento e dificuldade para respirar”, explica Maria Simone.
Quais
são os sinais de alerta?
Maria
Simone lista alguns sinais de uso abusivo do medicamento, como: necessidade de
aplicar o spray várias vezes ao dia, por muitos dias ou semanas; congestão
nasal que só melhora após o uso do descongestionante; medo de ficar sem o
produto na bolsa; e utilização mesmo sem grande necessidade. Esses são
indicativos de que o paciente está fazendo uso indevido do medicamento.
Riscos
e contraindicações
De
acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o tempo máximo recomendado
de tratamento com descongestionantes nasais vasoconstritores é de até três
dias. Pacientes com doenças cardíacas, hipertensão, distúrbios da tireoide,
diabetes, rinite
crônica,
glaucoma ou dificuldade para urinar devido ao aumento da próstata não devem
utilizar esse tipo de medicamento.
Qual é
a forma mais segura?
Para
evitar o risco de dependência, podem ser utilizadas alternativas seguras, como
medicamentos à base apenas de soro fisiológico, disponíveis no mercado em forma
de spray ou solução para nebulização. Eles ajudam a hidratar, fluidificar
secreções e aliviar a respiração, sem o risco de dependência.
A
umidificação adequada do ambiente e a ingestão regular de líquidos também são
medidas não medicamentosas eficazes. Além disso, o paciente pode fazer uso de
antialérgicos ou de alguns medicamentos tópicos intranasais, sempre sob
prescrição médica.
Mais
do que combater o sintoma, é fundamental entender a causa da obstrução nasal e
tratá-la com responsabilidade. Em vez de se tornar refém de soluções rápidas, o
ideal é adotar hábitos saudáveis, buscar orientação médica e investir em
alternativas seguras. Afinal, cuidar da saúde nasal é também cuidar da
qualidade de vida. E nada melhor do que respirar fundo — livremente, sem
dependências.
Nenhum comentário:
Postar um comentário