No Dia do Nordestino, a cerveja também pode contar histórias. Por trás
de garrafas e rótulos, há ingredientes que carregam solo, clima, saberes e
culturas locais — e que ao longo do tempo vêm inspirando a criação de receitas
únicas, conectadas ao território e às tradições do Brasil. A relação entre
território e cerveja no país é antiga. Muito antes da chegada dos europeus,
povos originários já produziam o cauim, bebida fermentada feita a partir da
mandioca. Assim como o milho, tradicionalmente usado em processos de fermentação
em diversos países da América Latina, esse insumo nativo demonstra como o que
vai ao copo sempre teve raízes profundas no território.
Nos últimos anos, a indústria cervejeira tem voltado o olhar para os
insumos do Nordeste, reconhecendo na região — rica em biodiversidade e tradições
agrícolas — uma fonte de ingredientes capazes de imprimir sotaque local às
receitas. “Quando a gente fala de cerveja feita com ingredientes do Nordeste,
não estamos falando só de sabor, estamos falando de raízes, de memória e de
identidade. Eu cresci vendo a mandioca, o caju, a laranja e tantas outras
riquezas fazerem parte do nosso dia a dia, e hoje vejo esses mesmos
ingredientes contando histórias dentro do copo. É bonito perceber como aquilo
que nasce do nosso solo pode inspirar criações modernas e ao mesmo tempo manter
viva a conexão com a nossa cultura. Cada gole carrega um pedacinho dessa terra
diversa e criativa que é o Nordeste.” — Carolina Loureiro, mestre cervejeira da
Academia da Cerveja.
A mandioca cultivada por agricultores familiares, por exemplo, tem se
mostrado valiosa. O mesmo vale para a polpa do caju, típica do semiárido, que
adiciona sabor e identidade ao produto final, e para a laranja, cuja casca e
polpa trazem notas cítricas e refrescantes às criações cervejeiras.Outros
ingredientes também já foram explorados, revelando o potencial criativo da
região: a rapadura e o mel, que acrescentam dulçor e complexidade ao perfil
sensorial; frutas tropicais como umbu, maracujá-do-mato e graviola, que trazem
aromas intensos e características únicas; e até ervas nativas da caatinga,
capazes de agregar camadas de sabor e narrativas culturais ao produto.
Mais do que uma tendência de mercado, esse movimento representa
desenvolvimento rural, inclusão produtiva e valorização da biodiversidade brasileira.
Ao resgatar ingredientes regionais e incorporá-los ao processo de produção, a
indústria cria oportunidades, movimenta economias locais e conecta saberes
tradicionais ao que há de mais moderno em tecnologia cervejeira.
Nesse contexto, a Academia da Cerveja — escola cervejeira da Ambev que
já formou mais de 30 mil alunos em cursos online e presenciais — tem
desempenhado um papel fundamental. Além de oferecer formações que vão da
introdução ao universo cervejeiro a cursos técnicos avançados, inclusive com
parcerias internacionais, o espaço estimula a pesquisa e o uso de
matérias-primas regionais em novos produtos. A escola também apoia
microcervejarias e promove programas de aceleração voltados à gestão e à
sustentabilidade, ampliando as possibilidades de uso da biodiversidade
brasileira no setor.
Do cauim indígena ao uso da mandioca, do caju, da laranja e de tantas
outras riquezas naturais do Nordeste, a história mostra que cada gole pode
carregar muito mais do que sabor: pode contar histórias de solo, de gente e de
um Brasil diverso, que também se expressa na cerveja. E, neste Dia do
Nordestino, celebrar essa identidade é reconhecer a potência criativa e
produtiva de uma região que transforma ingredientes locais em experiências
únicas no copo.
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