AZIRA’I,
escrito por Zahy Tentehar e Duda Rios e interpretado por Zahy, chega a
Fortaleza, no Cineteatro São Luiz, para 2 apresentações, nos dias 7 e 8 de
novembro, às 19h. O solo autobiográfico trata da relação entre Zahy e sua mãe,
Azira'i, a primeira mulher pajé da reserva indígena de Cana Brava, no Maranhão,
onde ambas nasceram. O trabalho, dirigido por Denise Stutz e Duda Rios e
produzido pela Sarau Cultura Brasileira, ganhou o principal prêmio Brasileiro
de Teatro, como melhor iluminação e melhor atriz. Com isso, Zahy se tornou a
primeira artista indígena a ganhar um prêmio de teatro nesta categoria.
O
espetáculo é apresentado pela Petrobras, por meio do Programa Petrobras
Cultural, que promove a cultura brasileira como força transformadora. Azira’i
celebra a memória, a tradição e a identidade indígena, valores que se alinham
ao compromisso da Petrobras de apoiar iniciativas que impulsionam a cultura
como motor de transformação e inclusão. Juntos, espetáculo e PETROBRAS dão
visibilidade a uma narrativa indígena única, ressaltando tradição e história
que emocionam, inspiram e transformam.
Recém-chegado
do Festival de Avignon OFF, na França, o espetáculo teve visibilidade em
importantes veículos de mídia da Europa como o jornal Le Monde, Libération, Le
Figaro, recebendo destaque como um dos melhores espetáculos dentro do maior
festival de teatro do mundo, que recebeu este ano 1.700 produções. Em sua
trajetória internacional, o espetáculo já passou por Chicago (EUA), Bogotá
(Colômbia), Santiago (Chile) Córdoba (Argentina) e Montevideo (Uruguai).
Musical
de memórias
Azira'i
foi uma mulher muito sábia e herdeira de saberes ancestrais, com vasto
conhecimento sobre o mundo espiritual. Como pajé suprema, ela usava três
ferramentas tecnológicas para curar: as plantas, a mão e o canto. Ao gerar e
criar a filha nesta mesma aldeia, deixou para ela seu legado espiritual.
Ao longo
da jornada como artista, Zahy fez do canto uma de suas expressões, que pode ser
visto no espetáculo, em que ela canta lamentos ensinados por sua mãe e canções
originais compostas por ela com Duda Rios, sob a direção musical de Elísio
Freitas, produtor responsável pelo premiado álbum ‘Nordeste Ficção’, de Juliana
Linhares, que também divide a autoria de algumas composições com a atriz e o
diretor.
É neste
verdadeiro ‘musical de memórias’ que se apresentam Azira'i e Zahy, mãe e filha,
mulheres nucleares, distintas, diversas e espelhadas: “Sou a filha caçula da
minha mãe. A nossa relação, como muitas de nossos brasis, foi diversa: cheia de
semelhanças e diferenças, com muitos afetos e composições importantes para
nossa trajetória. A presença de minha mãe é tão viva, que a nossa relação se
faz continuamente importante. Quando pensei em trazê-la ao teatro, não foi para
falar apenas dos meus sentimentos, foi para dialogarmos com nossos reflexos
enquanto sujeitos coletivos. Gosto de nos ver, humanos, como espelhos, pois
nossas histórias se entrelaçam e se compõem”, analisa Zahy.
Azira'i
faleceu em 2021, ao longo do processo de criação da montagem, que começa em
2019, quando Zahy e Duda Rios se conhecem no elenco da montagem de ‘Macunaíma’,
dirigida por Bia Lessa e encenada pela companhia Barca dos Corações Partidos,
também um projeto da Sarau. Nas conversas de camarim, Duda se surpreendia com o
que Zahy contava – ela mesmo se define como uma contadora de histórias – e
surgiu ali mesmo a semente de criar um espetáculo a partir daquela vivência em
um contexto tão próximo, mas também tão distante.
Duda
formatou a dramaturgia junto com a atriz, em uma estrutura narrativa que
percorre a história por diversos pontos de vista, como os da própria Zahy, mas
também o de sua mãe e de uma narradora. No último ano, Denise Stutz se juntou à
dupla de amigos criadores e a encenação propriamente dita começou a ganhar uma
forma.
‘O nosso
maior desafio foi selecionar, entre tantas histórias que ela havia me contado
ao longo de quatro anos, quais iriam compor a dramaturgia da peça. Às vezes
queremos abordar muitas coisas num espetáculo e terminamos perdendo o fio da
meada. Mas se temos um eixo narrativo claro, a chance do público se envolver é
maior. Nesse aspecto, a chegada de Denise foi fundamental, pois ela entrou no
projeto pouco antes do início dos ensaios, com um olhar fresco que nos ajudou a
identificar o que era essencial pra nossa narrativa’, conta Duda Rios.
Zahy,
Denise e Duda conceberam então um espetáculo focado na performance, com apenas
uma cadeira e uma cortina de corda crua como elementos de cena, além das
projeções do multiartista Batman Zavareze (direção de arte e design gráfico),
cenografia de Mariana Villas-bôas, os figurinos de Carol Lobato e a iluminação
de Ana Luzia Molinari de Simoni.
“Fui
conhecendo as memórias de Zahy durante os meses de ensaio e fui me
impressionando a cada dia pela potência das histórias de vida que ela contava e
das narrativas sobre a mãe. Quando recebi o convite do Duda para me juntar a
ele na direção desta montagem, tivemos conversas quase infinitas e o trabalho
não faria sentido se a gente não escutasse primeiro os desejos de Zahy ,
afinal, é a história dela e são muitas memórias junto com sua mãe. A partir
dessa escuta e dos textos que ela e Duda escreviam começamos a tecer esse
musical de memórias. O mundo da Zahy está no seu corpo, no seu canto, na sua
presença, nas suas histórias, no que é único nela e que é também o outro”,
reflete Denise Stutz.
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AZIRA’I
nasce ainda do desejo que Zahy tinha de contar as suas histórias reais, mas
mostrando uma visão absolutamente não romantizada dos povos indígenas. “Uma história
que é minha, mas também é a verdade de muitos brasis. É muito libertador poder
falar do ser indígena de uma forma mais humanizada, sem estereótipos ou
políticas. Quero poder contar a história de uma pessoa, como outras, que saiu
de sua reserva, foi para a cidade, aprendeu uma outra língua e teve uma relação
intensa com a mãe”, reflete a atriz.
No palco,
ela alterna cenas em português e em Ze’eng eté, trazendo para o centro da cena
o debate sobre os processos de aculturamento aos quais sua mãe foi submetida.
Neste momento em que o país tem pela primeira vez um Ministério dos Povos
Originários, a realização de um espetáculo como AZIRA’I ganha ainda um contorno
mais especial.
A
produção do projeto é da Sarau Cultura Brasileira, que recentemente foi responsável
pelas montagens de ‘Nossa História com Chico Buarque’, ‘Elza’, ‘Viva o Povo
Brasileiro (De Naê a Dafé)’, trabalhos marcados por um acerto de contas com a
turbulenta biografia do País nos últimos séculos.
Sinopse
O
espetáculo autobiográfico aborda a relação de Zahy Tentehar com a sua mãe,
Azira’i, a primeira mulher Pajé da reserva de Cana Brava (MA), que ocupou a
categoria dos Pajés Supremos dos povos Tentehar, destinado apenas a pessoas com
sabedorias medicinais e espirituais extremamente desenvolvidas. A relação entre
mãe e filha se dá num contexto necessariamente conflituoso, em um interior
nordestino extremamente patriarcal e em uma cultura tensionada entre a
preservação de seus valores ancestrais e a absorção de dinâmicas e mazelas de
um sistema de civilização globalizado. Ao mesmo tempo em que Zahy é a filha
escolhida por sua mãe para herdar os dons de pajelança e comunicação com os
Maíras, é também nela que Azira’i descarrega as frustrações de existir num
ambiente colonial e opressor.
Ficha
Técnica
Um solo
de Zahy Tentehar / Dramaturgia: Zahy Tentehar e Duda Rios / Direção: Denise
Stutz e Duda Rios /
Direção
de arte e design gráfico: Batman Zavareze / Cenografia: Mariana Villas-Bôas/
Figurinos: Carol
Lobato /
Iluminação: Ana Luzia Molinari de Simoni / Trilha sonora: Elísio Freitas /
Design de som: Gabriel
D`angelo
/ Direção de Produção e Produção Artística: Andréa Alves e Leila Maria Moreno /
Coordenação de Produção: Hannah Jacques / Produção executiva: Matheus Castro e
Fernanda Chazan / Produção: Sarau Cultura Brasileira/ Assessoria de imprensa
Fortaleza: Dégagé Comunicação.
Serviço
Azira’i –
Um musical de memórias
Dias 7 e
8 de novembro (sexta e sábado), às 19h.
Local:
Cineteatro São Luiz (Rua Major Facundo, 500 – Centro. Fortaleza, Ceará).
Classificação:
12 anos
Duração:
90 minutos
Ingressos:
R$ 100,00 (inteira), R$ 50,00 (meia), R$ 42,00 (Ingresso promocional) e R$
40,00 (funcionários Petrobrás, mediante apresentação do crachá funcional) |
Ingressos em breve nas bilheterias físicas do Cineteatro São Luiz ou no site
Sympla.
Funcionamento
da bilheteria física: terça a sexta, no horário de 9h30 às 18h, e aos sábados,
no horário de 9h30 às 17h.
Acessibilidade:
Audiodescrição e Libras na sexta (07) e Libras no sábado (08)
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