Conciliar
o papel de mãe com as demandas profissionais continua sendo um dos maiores
desafios enfrentados por mulheres no mercado de trabalho. O retorno após a
licença-maternidade costuma vir acompanhado de inseguranças, culpa e
sobrecarga, exigindo das empresas um olhar mais sensível e políticas de apoio
mais efetivas.
De
acordo com dados do Sebrae, 75% das donas de negócios no Brasil começaram a
empreender após a maternidade, reflexo das dificuldades de conciliar carreira e
filhos. Já a Catho aponta que as mulheres abandonam suas carreiras cinco vezes
mais do que os homens após a chegada dos filhos. Quando retornam, enfrentam
obstáculos, menores salários e oportunidades reduzidas.
A
maternidade é preciosa, mas também desafiadora. Exige reorganização,
resiliência e desprendimento da ideia da “mulher maravilha”, que precisa dar
conta de tudo sem falhas. É necessário reduzir a culpa, acolher as imperfeições
e reconhecer que ser mãe também potencializa competências fundamentais no
ambiente corporativo, como empatia, foco e senso de urgência.
“A
transição de volta ao trabalho pode gerar sentimentos ambíguos — de um lado, o
desejo de retomar a vida profissional e, de outro, a culpa por se afastar do
bebê”, explica Fernanda Macedo, psicóloga e diretora da Life DH, empresa
especializada em saúde emocional corporativa. Segundo ela, essa etapa exige
tempo, empatia e suporte tanto da família quanto das lideranças.
Para
as empresas, apoiar esse retorno é uma forma concreta de promover equidade de
gênero e reter talentos. Avaliar a cultura organizacional, oferecer jornadas
flexíveis, incluir mulheres em posições de liderança, equiparar salários e
implementar benefícios como auxílio-creche e políticas de bem-estar são medidas
que fazem diferença.
O
pós-licença não deve ser visto como um desafio individual, mas como uma
responsabilidade compartilhada entre empresas, lideranças e sociedade. A
maternidade não limita, ela fortalece. Afinal, sem mães não há sociedade, e sem
sociedade, não há força de trabalho.

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