Não é
à toa que chega em sua 11º edição o curso Mulheres à Obra, com cinco aulas
diferentes, criado pelo Palácio da Ferramenta. E por trás dessa logística, está
Emanuela Fidelis, com 39 anos. Bonitona e feminina, se apresenta maquiada e com
unhas feitas, e tem o objetivo de ensinar mulheres a utilizarem ferramentas
elétricas, assim como a solucionarem pequenos reparos domésticos cotidianos.
E essa
paulistana acredita, piamente, que lugar de mulher também é na obra ou nos
reparos domésticos. Com formação Acadêmica é Técnica em Saúde e Segurança do
Trabalho e Organizadora de Eventos, trabalhando nos dois segmentos, desenvolve
ainda materiais de ensino de capacitação das NR’s – normas regulamentadoras e
TEM - Ministério do Trabalho. Incansável, hoje trabalha como mentora
comportamental, com isso trabalha crença militantes.
“Acredito
que essa coisa de ferramentas é só para homens, é uma crença militante. De
tanto escutar, acabamos acreditando. Isso acredito que cada ser humano pode
escolher o que quiser fazer. Temos muitas crenças. Hoje em dia como mentora
comportamental quero leva isso para essas mulheres do Projeto. O lugar delas
sempre foi onde elas quiserem. Comenta Manu.
Agora,
sua paixão por ferramentas não fica para trás. Seu amor pelas maquinas começou
quando começou a trabalhar em uma multinacional que fabricava ferramentas, onde
foi contratada para trabalhar como demonstradora. E logo passou a atender e ter
contato direto com todo aquele mundo de ferramentas que parecem estranhas,
pesadas e complicadas, mas, ledo engano, por achar que esses objetos
representam um bicho de 7 cabeças.
E
Emanuela descobriu que tinha jeito pra coisa, começou fazendo demonstração para
os clientes, atividade comum dentro do Palácio da Ferramenta, porém todas as
vezes que tinha demonstração, ia com um outro promotor fazer a demonstração
prática. E claro, dessas demonstrações já conhecia muito bem a parte teórica
das ferramentas, então a curiosidade fez querer aprender na prática, não
demorou para o primeiro teste na prática. E gostou da experiência, e nem com o
“friozinho na barriga”, uma mistura de excitação e medo, desanimou a
principiante, principalmente quando viu o resultado do primeiro corte com
tico-tico, o medo foi embora e surgiu uma enorme vontade de testar todas as
outras, pronto, nascia uma expert.
“Cada
máquina que eu ligava era uma sensação de poder, ainda mais eu que moro
sozinha, já queria fazer quadro com tupias, furar parede, lixar e tudo mais, me
tornei a entendida, logo depois comecei a fazer um mini curso prático em outras
revendas para homens e mulheres, participar de feiras e eu sempre fazia bonecas
de MDF, nunca ficava com nenhuma, os alunos carregavam sempre. Depois disso eu
virei a tarada da ferramenta, atualmente tenho 5 maletas, fora as máquinas”.
É... ela já domina o assunto.
No fim
de 2016, recebeu de Isabel Gomes, diretora de marketing da tradicional loja
Palácio da Ferramenta funcionado, há 52 anos, no Centro da Cidade, a
incumbência de alinhar os cursos Mulheres à Obra. A ideia do curso fez Emanuela
“pirar”, ainda mais porque a organização trouxe pequenos detalhes como camisas,
laços, logomarca, enfim, material fofo, superando suas expectativas.
- A
logo é uma mulher com uma bandana vermelha, o braço em pose de força e os
dizeres “O lugar de mulher é onde ela quiser” – E essa mensagem vem inspirada
na musa feminista Naomi Parker Fraley (ela foi um marco na segunda guerra
mundial e na história do feminismo), faleceu aos 96 anos, em janeiro de 2018. E
até hoje, já passaram pelo menos 2000 mulheres nas edições anteriores.
E o
projeto surgiu para homenagear as mulheres e no mês delas, alusivo ao Dia
Internacional da Mulher que é celebrado em 8 de março. O Dia da Mulher surgiu
no final do século XIX nos Estados Unidos e na Europa, no contexto das lutas
femininas por melhores condições de vida e trabalho, e pelo direito de voto.
“O
Mulheres à Obra é o jeito que o Palácio da Ferramenta encontrou para homenagear
mulheres no seu dia internacional, emponderando-as e transformando as suas
vidas”, atesta Isabel Gomes.
Voltando
à nossa instrutora, assumidamente uma mulher empoderada, casada, cuida de um
sitio e trabalhando com ferramentas, lhe deu autonomia para resolver pequenos
problemas domésticos, tais como: trocar botijão de gás, resistência de
chuveiro, montar e desmontar móveis, pintar parede, entre outros. Então quando
viu a possibilidade de ajudar outras mulheres, para ela foi o máximo, e atesta
que não tem mistério. “O que tinha eram apenas homens dizendo que não éramos
capazes, por longos anos a mulherada internalizou isso e tomou como uma
verdade”, afirma.
Garante
que os cursos são incríveis e nas aulas práticas, logo que pegam nas
ferramentas, uma vai ensinando a outra, e ela se realiza. Na verdade, fica
encantada com a evolução das outras mulheres e vem a certeza que o projeto veio
romper barreiras.
E não
pense que é só uma aventura, as empresas já descobriam o grande potencial delas
e muitas já oferecem ao mercado, ferramentas variadas, menores, leves e
acredite, em cores rosas. E Emanuela é a musa do momento, quase sem tempo, sua
rotina é intensa, sempre envolvida com obras, apaixonada por livros,
principalmente os clássicos da literatura brasileira, como Quincas Borba e
Alienista (Machado de Assis), ela literalmente, põe a mão na massa e cada vez
que é chamada para implantar o projeto, fica eufórica. Seu lema é: lugar de
mulher, é onde ela quiser. “Eu gostei muito da iniciativa do projeto, que além
de promover a inclusão das mulheres em uma área um tanto quanto masculina, nos
permitiu vencer nossos medos. Medos esses que já vêm enraizados em nossa
sociedade há muito tempo.
Pode
parecer algo bobo, mas não é, o medo de ferramentas nasceu junto com um
patriarcado onde as mulheres não poderiam desenvolver sua autonomia. Esse curso
é uma forma de liberdade e autogestão onde nossos medos possam ser superados
junto com a força de que a mulher é livre e tem capacidade de fazer o que
quiser! Obrigada.” - Izabelle Santos – 29 Anos (aluna da primeira edição).
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