A
CAIXA Cultural Fortaleza apresenta, de 5 de dezembro de 2023 a 4 de fevereiro
de 2024, a exposição “Carolinas” – em homenagem a Carolina Maria de Jesus, uma
das mais relevantes artistas e escritoras do Brasil. Com acesso gratuito, a
visitação acontecerá de terça a sábado, das 10h às 20h, e aos domingos e
feriados, das 10h às 19h.
A
mostra, que é uma realização da Via Press Comunicação, conta também com
instalações, pinturas, obras visuais, slam, poemas e manuscritos de artistas
negras cearenses, as “Carolinas contemporâneas” cujas obras são influenciadas
por Carolina de Jesus. São elas: Alexia Ferreira, Aline Furtado, Dhiovana
Barroso, Dinha Ribeiro, Francisca Oliveira, Sarah Forte, Renata Felinto e
Pretarau – Sarau das Pretas. A mostra conta também com um poema inédito da
atriz e slammer carioca Rainha do Verso.
Carolina
Maria de Jesus foi uma das primeiras escritoras do país a tematizar o cotidiano
da favela, território marginalizado e onde ainda era incomum a autonomia da
palavra. As obras da autora já foram lançadas em 46 países e traduzidas para 16
idiomas. Ela também já foi tema de inúmeras publicações, sendo a mais recente
“Carolina: uma biografia”, de Tom Jones (editora Malê).
A
exposição na CAIXA Cultural apresenta não apenas o espólio artístico-literário,
mas também fotografias, composições musicais, capas de livros, matérias
jornalísticas, documentários, manuscritos raros de seus diários e alguns
trabalhos ainda inéditos da escritora. O objetivo é reforçar ainda mais a
pluralidade de suas produções e de sua trajetória.
A
ideia é que o público possa conhecer as várias Carolinas por detrás da artista
e sua influência por gerações de artistas negras brasileiras. A mostra estará
organizada em quatro núcleos, que abordam memórias da escritora, seu nascimento
como artista, maturidade intelectual e o final de sua vida. Todos esses
segmentos têm, como eixo comum, o destaque à história de Carolina.
A
exposição “Carolinas” integra a temporada 2023/2024 do Programa de Ocupação dos
Espaços da CAIXA Cultural, uma iniciativa da CAIXA para promover o intercâmbio
da produção de cultura em seus espaços.
Múltiplas
Carolinas:
O
primeiro núcleo da exposição é intitulado “MUSONI”, que retrata histórias e
memórias da escritora entre as décadas de 1920 e 1940 em Sacramento, Minas
Gerais. Neste espaço, os visitantes saberão mais sobre as origens da escritora,
através de provérbios, trechos de contos, poesias, citações e memórias de
infância – que mergulham nas raízes africanas de sua ancestralidade.
Na
sequência, o núcleo “KALA” narra o “nascimento” de Carolina de Jesus como
artista, escritora e mulher preta. Neste segmento, são apresentados alguns
trechos selecionados do gênero memorialístico, retratando momentos entre as
décadas de 1940 e 1960. Nesse período, ela viveu entre o interior rural de São
Paulo e a favela do Canindé, que fica na região central da capital paulista.
Também são destaque as viagens para todo o Brasil, Argentina, Uruguai e Chile.
Já o
núcleo “TUKULA” representa sua maturidade artística, intelectual e como mulher
na sociedade brasileira, tendo como recorte temporal a década de 1960 até 1977.
Foi o período de reclusão no sítio de Parelheiros, em São Paulo. Na última
etapa, o público chega ao “LUVEMBA”, que narra o fim da vida da escritora,
destacando a passagem de Carolina Maria de Jesus para a sua memória viva por
meio de outras Carolinas, que se constroem e se refazem a partir dela.
Carolinas
cearenses:
Artistas
negras cearenses, as “Carolinas contemporâneas”, integram a exposição. Renata
Felinto, por exemplo, traz para a mostra o trabalho “O dia dos pais de José
Carlos, Vera Eunice e João José, em 1959” (2023), produzido a partir da técnica
de aquarela e apliques sobre papel. Já Dhiovana Barroso, da dupla Terroristas
Del Amor, apresenta “Ilha” (2023), obra acrílica sem tela. Sarah Forte,
professora de Literatura em língua portuguesa pela Universidade Estadual do
Ceará, vai estar na exposição com o poema intitulado Sororidade.
Outra
participante da exposição é Dinha Ribeiro, com a obra em acrílico sobre tela
“Caminhos Abertos” (2023). A artista graffiteira realiza trabalhos com
ilustração e muralismo, voltando sua arte ao afrobrasileirismo contemporâneo.
Alexia Ferreira, por sua vez, apresenta a colagem digital “Sendo o Que Somos”.
Outro
trabalho de destaque é a instalação "Ativação para Aterrar o Abismo",
uma ação do programa Como Ocupar um Lugar Branco (2018-2023) de Aline Furtado,
artista que dedica a “reimagear” o mundo pela escuta e pela luta por direitos.
O Slam Pretarau, formado por mulheres negras artistas, poetas e slammers da
cidade de Fortaleza e região metropolitana, trará uma carta que conversa com
Carolina Maria de Jesus. A cordelista Francisca Oliveira, de Quixadá, participa
com o poema "O Peso da Minha Cor". A exposição conta também com
participação da atriz, performer e slammer carioca Rainha do Verso.
Curadoria:
Assinam
a curadoria da exposição Raffaella Fernandez, pesquisadora do Instituto de
Estudos Brasileiros da USP, e Nicole Machado, pós-graduanda em Ensino de
História e América Latina e graduada em Mediação Cultural pela Universidade
Federal da Integração Latino-Americana (UNILA).
“Em um
momento em que os debates sobre gênero, diversidade étnica e direitos humanos
ganham força no Brasil e no mundo, contar a história, a vida e a obra de
Carolina de Jesus é um ato relevante para as artes, em especial para a
literatura do País”, explica Raffaella Fernandez.
Já
para Nicole Machado, a mostra é uma forma de tornar acessível ao grande público
as relevantes obras literárias da escritora. “Achamos importante incentivar
tanto o gosto pela leitura quanto a indústria editorial nacional. Nosso
objetivo é evitar que novos apagamentos enfraqueçam a literatura, as artes e a
memória brasileira”, finaliza.
Sobre
a escritora:
Carolina
Maria de Jesus deixou mais de 5 mil páginas escritas, entre romances, poemas e
canções. O livro “Quarto de despejo: diário de uma favelada” é a obra mais
famosa da escritora, lançado em 1960. Já entre 1977 e 2018, após a sua morte,
foram publicadas mais cinco obras: “Diário de Bitita” (1982), publicado
originalmente na França, “Meu Estranho Diário” (1996), “Antologia Pessoal”
(1996), “Onde Estaes Felicidade” (1977) e “Meu sonho é escrever” (2018).
Serviço:
[Artes
Visuais] Exposição “Carolinas”
Realização:
Via Press Comunicação
Local:
CAIXA Cultural Fortaleza
Endereço:
Avenida Pessoa Anta, 287 – Praia de Iracema
Visitação:
de 5 de dezembro de 2023 a 4 de fevereiro de 2024
Horários:
10h às 20h (terça a sábado); 10h às 19h (domingos e feriados)
Entrada
Franca
Informações:
(85) 3453-2770 / Site da CAIXA Cultural
Classificação
indicativa: Livre para todos os públicos
Acesso
a pessoas com deficiência
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