Os portos brasileiros atravessam um momento decisivo. Mais do que portas
de entrada e saída de mercadorias, eles se tornaram plataformas de inovação,
sustentabilidade e estratégia geopolítica. O avanço das tecnologias, as novas
exigências ambientais e a reconfiguração das cadeias globais de suprimentos
colocam o setor logístico no centro de um processo de transformação sem
precedentes - e o Ceará desponta como protagonista nesse cenário.
Com o Complexo do Pecém entre os principais hubs logísticos do país, o
Estado vem atraindo investimentos que reforçam sua posição estratégica no mapa
do comércio internacional. As obras de modernização portuária, as conexões
marítimas com a Europa e a América do Norte e a presença crescente de
indústrias de energia verde fazem do Ceará um ponto de convergência entre
eficiência logística e desenvolvimento sustentável.
Segundo a Confederação Nacional do Transporte (CNT), o setor de
logística representa cerca de 12,7% do PIB brasileiro e responde por mais de
1,5 milhão de empregos diretos. No entanto, os desafios ainda são grandes:
gargalos de infraestrutura, custos de transporte e desigualdades regionais
mantêm o país abaixo do seu potencial competitivo.
Para Carlos Alberto Nunes, diretor comercial da TECER - Terminais
Portuários Ceará Ltda., o futuro da logística passa pela integração entre
tecnologia, sustentabilidade e visão geopolítica.
“A logística deixou de ser apenas uma operação e se tornou um vetor
estratégico de desenvolvimento. Os portos são hoje ativos de inteligência
territorial. Entender os novos fluxos econômicos e as dinâmicas políticas
globais é essencial para que o Brasil ocupe o lugar que merece nas rotas do
comércio internacional”, afirma.
Carlos Alberto é uma das vozes confirmadas na Expolog 2025 - Feira
Internacional de Logística, que ocorre nos dias 26 e 27 de novembro, no Centro
de Eventos do Ceará, e reunirá especialistas de 18 países. Ele será o moderador
do painel “Novas Estratégias num Planeta em Transformação”, um espaço de debate
sobre sustentabilidade, inovação e o papel dos portos no desenvolvimento
econômico.
“Na feira, debateremos os investimentos realizados pelos portos do
Pecém, Fortaleza, Itaqui, Cabedelo e Bahia. Cada um deles tem características
próprias e desafios específicos, mas todos compartilham o mesmo objetivo:
aumentar a eficiência operacional e ampliar sua inserção nos novos contextos
geopolíticos”, explica o executivo.
As discussões vão além da competitividade portuária. A chamada
“logística verde” - baseada em práticas de descarbonização e energia limpa - já
influencia decisões empresariais em toda a cadeia produtiva. Estudo da Agência
Internacional de Energia (IEA) aponta que o transporte marítimo global é
responsável por quase 3% das emissões de CO₂ no planeta, e que a transição para combustíveis sustentáveis pode
reduzir esse índice pela metade até 2040.
O tema está no centro dos debates da Expolog e da agenda dos portos
cearenses. O Pecém, por exemplo, avança na implantação de um hub de hidrogênio
verde, com potencial para gerar 3,6 GW de energia limpa e atrair novas cadeias
industriais. “A logística do futuro não é apenas sobre eficiência e custo - é
sobre propósito e sustentabilidade”, destaca Nunes.
A 20ª edição da Expolog deve movimentar até R$ 30 milhões em novos
negócios, reunindo 25 estados e 18 países. Mas, mais do que cifras, o evento
simboliza um marco na maturidade do setor. “É um espaço valioso de troca e
atualização sobre os rumos da logística no Brasil e no mundo”, conclui o
diretor da TECER.

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