Para
celebrar os 30 anos de trajetória da artista Ana Mundim e apresentar sua pesquisa
que aborda o corpo como natureza, a exposição “Aquilo que Habita em Mim” chega
ao Museu da Cultura Cearense (MCC), que integra o Centro Dragão do Mar de Arte
e Cultura — complexo da Rede Pública de Espaços e Equipamentos Culturais do
Ceará (Rece), vinculado à Secult Ceará e gerido em parceria com o Instituto
Dragão do Mar. A abertura será no dia 25 de abril, sexta-feira, às 18h, e segue
em cartaz até o dia 10 de agosto. Por meio da fotografia e do audiovisual, a
multiartista tensiona as fronteiras com a proposição do Simbioceno, um mundo
possível em que as espécies estão integradas em um ecossistema que potencializa
a vida coletiva na Terra, na contrapartida do Antropoceno.
Na
exposição de Ana Mundim, o corpo como natureza se apresenta em imagens poéticas
que desafiam fronteiras entre o humano e o não-humano. Utilizando a técnica da
múltipla exposição, a artista sobrepõe autorretratos e elementos naturais —
como fungos, raízes e líquens— tratando ambos como paisagens sensoriais. A
proposta visual dá forma ao conceito de "terceira paisagem",
território híbrido e em transição que resiste às lógicas coloniais de
ordenamento. Com isso, Mundim constrói uma ecologia fotográfica e videográfica
onde corpo e natureza são inseparáveis, revelando modos ancestrais de habitar o
mundo.
“A
exposição vem justamente questionar esse modelo que tem nos levado à auto
desaparição. A produção das imagens é totalmente calcada na proposição do
simbioceno, conceito que propõe uma nova era pautada na convivência harmônica
entre humanos e demais formas de vida. A ideia é lançar um olhar para uma
mudança de paradigmas, com possibilidades relacionais horizontalizadas entre
espécies. Ainda, provoca o neoliberalismo com seu consequente deleite pelo
lucro que tudo corrompe e tudo destrói’, aponta a multiartista.
A
curadoria, assinada por Lucas Dilacerda, estrutura-se em torno de três eixos
que atravessam a poética visual de Ana Mundim: a água, o corpo como paisagem e
a presença dos fungos. A água, símbolo de fluxo e transformação, escorre pelas
imagens como elemento ancestral que conecta memória e movimento, funcionando
como metáfora dos estados transitórios explorados pela artista. O corpo, por
sua vez, é tratado como um território poroso e habitado, um ecossistema vivo
onde convivem micro-organismos, narrativas e afetos — uma paisagem em constante
mutação. Já os fungos surgem como força mediadora entre vida e decomposição,
evocando uma lógica de interdependência e simbiose.
A
exposição “Aquilo que Habita em Mim” pode ser vista de quarta a sexta, das 9h
às 18h (com acesso até as 17h30), e aos sábados, domingos e feriados, das 13h
às 18h (com acesso até as 17h30). Acesso gratuito e livre para todas as idades.
A
mostra, ainda, conta com um plano de acessibilidade que inclui recursos como
tradução para o Braille, interpretação em Libras, peças táteis e audiodescrição
das obras. Esse plano foi desenvolvido por profissionais especializados — entre
eles linguistas, fonoaudiólogos, roteiristas, designers e outros especialistas
em acessibilidade — e contou também com a participação e consultoria de pessoas
com deficiência. O museu possui uma estrutura arquitetônica acessível e
disponibiliza cadeira de rodas na recepção.
A
iniciativa conta com o apoio do XIII Edital Ceará das Artes, promovido pela
Secretaria da Cultura do Ceará (SECULT CE), por meio da Lei Paulo Gustavo.
Sobre
a artista
Ana
Mundim é bailarina, fotógrafa, atriz, escritora, DJ, bacharel e licenciada em
Dança e Mestre em Artes pela UNICAMP. Também é Doutora em Artes pela UNICAMP e
pela Universitát Autónoma de Barcelona. Realizou estágio Pós Doutoral em Artes
pela Universitát de Barcelona (2015) e pelo Programa Pós Doutorado no programa
de Pós Graduação em Artes Visuais e Multimeios da UNICAMP (2023 - 2024). De
2010 a 2016, foi docente dos programas de Graduação em Dança e Pós Graduação em
Artes da Universidade Federal de Uberlândia e, desde 2017, é docente dos cursos
de Graduação em Dança da Universidade Federal do Ceará. Publicou diversos
artigos e os seguintes livros: Dramaturgia do corpo-espaço e territorialidade;
Danças brasileiras contemporâneas: um caleidoscópio; Corpos em quarto atos;
Mapas e percursos, estudos de cena; Múltiplos olhares sobre processos
descoloniais nas Artes Cênicas; Abordagens sobre improvisação na dança
contemporânea.
Curadoria:
Lucas
Dilacerda é curador e crítico de arte. é sócio da AICA - The International
Association of Art Critics e também da ABCA - Associação Brasileira de Críticos
de Arte e da ANPAP - Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas. É
professor da Pós-Graduação em Arteterapia e Arte-Educação da UNIFOR. Ganhou o
prêmio ABCA pela curadoria da Bienal Internacional do Sertão. Realizou mais de
40 curadorias, 70 cursos e 200 apresentações em diversas instituições de arte
no Brasil. Doutorado e Mestrado em Artes pela UFC. Também é Graduado e Mestre
em Filosofia, com ênfase em Estética e Filosofia da Arte, com distinção Summa
Cum Laude, pela UFC)
Serviço:
Abertura da exposição “Aquilo que Habita em Mim”
Data:
25 de abril, sexta-feira
Horário:
18h
Local:
Museu da Cultura Cearense (R. Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema, Fortaleza -
CE, 60060-195)
Classificação
livre
Grátis
Visitação:
até dia 10 de agosto, de quarta a sexta, das 9h às 18h (com acesso até as
17h30), e aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h (com acesso até as
17h30)
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