domingo, 26 de outubro de 2025

RH SOB PRESSÃO

Fernanda Macedo

Em um cenário corporativo marcado por instabilidade e cobranças crescentes, quem deveria zelar pelo bem-estar emocional das equipes tem enfrentado suas próprias crises. Segundo pesquisas da Recarrega RH, conduzida pela Flash, o setor segue adoecendo sob o peso da sobrecarga e da falta de apoio institucional.

De acordo com o levantamento, 78% dos profissionais de RH relatam sentir sobrecarga de média a extrema intensidade em 2025 — um número ligeiramente inferior ao registrado em 2024 (82%), mas ainda preocupante. A pressão está associada principalmente às longas jornadas de trabalho, que em muitos casos ultrapassam dez horas diárias. Esses dados evidenciam que até mesmo os profissionais responsáveis pelo bem-estar organizacional estão sendo impactados por ambientes corporativos tóxicos.

Para a psicóloga Fernanda Macedo, diretora da consultoria Life DH, o resultado reflete um desequilíbrio estrutural nas relações de trabalho. “O RH muitas vezes é visto como o setor responsável por cuidar da saúde emocional dos outros, mas raramente recebe o mesmo tipo de cuidado da organização”, avalia. Segundo ela, a falta de espaços de escuta e de estratégias institucionais de apoio tem levado muitos profissionais da área a buscar ajuda externa, seja em grupos terapêuticos, seja em programas de desenvolvimento emocional.

A nova atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), prevista para entrar em vigor em 2026, é apontada como uma possível fonte de alívio para os profissionais de RH. Cerca de 90% deles acreditam que a mudança trará impactos positivos para a saúde mental, ao conferir maior respaldo institucional às ações de bem-estar e contribuir para a redução da sobrecarga no ambiente de trabalho. A atualização da norma reforça o compromisso com ambientes corporativos mais seguros e saudáveis, fortalecendo a priorização da saúde mental dos colaboradores.

Para Fernanda Macedo, no entanto, a transformação não depende apenas da legislação. “As empresas precisam reconhecer que cuidar de quem cuida é uma questão de sustentabilidade humana. Enquanto o RH continuar atuando sob pressão constante, qualquer iniciativa de saúde mental será apenas paliativa”, afirma.

Com a crescente demanda emocional dentro das organizações, cresce também o movimento de empresas que buscam apoio externo especializado para desenvolver políticas de cuidado mais efetivas. A tendência é que o bem-estar corporativo deixe de ser um tema pouco comentado e passe a ocupar espaço estratégico nas decisões de gestão, começando por quem sustenta o equilíbrio interno: os próprios profissionais de Recursos Humanos.


 

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