EXPOSIÇÃO NISE, A REVOLUÇÃO PELO AFETO

Foto divulgação

Os 120 anos de nascimento da psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999), que se destacou por sua abordagem inovadora no tratamento da saúde mental por meio da arte e do afeto, são celebrados na exposição “Nise – A Revolução pelo Afeto”. Com abertura oficial na noite desta terça-feira (25) na CAIXA Cultural Fortaleza, com visita guiada pela curadora Isabel Seixas e o consultor Eurípedes Junior, a mostra poderá ser visitada a partir desta quarta (26) até o dia 1º de março, de terça a sábado, das 10h às 20h; domingos e feriados, das 10h às 19h. A exposição é patrocinada pela CAIXA e o Governo Federal e tem acesso gratuito.

Como parte da programação da exposição, o museólogo e pesquisador Eurípedes Junior ministra, no dia 26, duas oficinas, e no dia 27 lança o livro “Do Asilo ao museu – Nise da Silveira e as coleções da loucura”.

A exposição

“Nise – A Revolução pelo Afeto” aborda o papel revolucionário de Nise da Silveira, o contexto histórico e o trabalho desenvolvido no ateliê. Em exposição, 157 obras de 11 artistas, incluindo pinturas, desenhos, fotografias, gravuras e esculturas, além de publicações e documentos históricos do Museu de Imagens do Inconsciente, do Rio de Janeiro. As obras assinadas por alguns dos “clientes” – forma como a psiquiatra se referia aos seus pacientes –, dialogam com artistas convidados.

A exposição está dividida em três partes que exploram a vida e o trabalho da psiquiatra. A seção "Contexto, Dor e Afeto" apresenta a origem da abordagem terapêutica de Nise e o contexto dos tratamentos psiquiátricos da época. Em "Nise – Ser Mulher, Ser Revolucionária", a psiquiatra é destacada como uma figura inspiradora e detalha sua metodologia de tratamento com a arte. "O Atelier" simula o ateliê de Nise, reunindo obras de seus clientes e de artistas, e revelando como o afeto se transformou em metodologia científica para a reabilitação.

Entre os documentos expostos, estão cartas que a médica trocou com Carl G. Jung. Em 1954, Nise da Silveira enviou a Jung fotos de pinturas de seus pacientes. Para o fundador da psicologia analítica, as mandalas expressavam o potencial autocurativo da psique.

Oficinas no dia 26

Com o tema “Nise, uma psiquiatra rebelde”, a primeira oficina ministrada por Eurípedes Junior, das 10h às 12h30, apresentará um panorama geral do legado de Nise da Silveira, onde serão abordados, entre outros pontos, a história da construção e desenvolvimento das ideias e trabalhos de Nise da Silveira; a Terapêutica Ocupacional e o Museu de Imagens do Inconsciente; e a atualidade das ideias de Nise no panorama da saúde mental mundial pós-pandemia.

“Conhecendo o mundo interior” é o tema da segunda oficina, das 19h às 21h30, que propõe uma investigação sobre o mundo das imagens e do inconsciente. As pesquisas de Nise e de seus seguidores são apontadas como importantes luzes para a compreensão do funcionamento da mente.

Os interessados em participar das oficinas devem se inscrever gratuitamente por meio de formulário disponível no site da CAIXA Cultural.

Eurípedes Junior é museólogo, pesquisador e coordenador de projetos da Sociedade Amigos do Museu de Imagens do Inconsciente. Trabalhou ao lado de Nise da Silveira desde 1975, colaborando em documentários, publicações e exposições. Doutor em Museologia e Patrimônio pela UNIRIO, dedica-se ao estudo das relações entre arte, ciência e saúde mental.

Lançamento de livro no dia 27

“Do Asilo ao museu – Nise da Silveira e as coleções da loucura”, livro de Eurípedes Junior que terá lançamento na CAIXA Cultural Fortaleza no dia 27 (quinta-feira), às 18h, teve como ponto de partida a tese de doutorado do autor, fruto de uma vivência de 40 anos no Museu de Imagens do Inconsciente, parte dos quais trabalhando ao lado de Nise da Silveira. A obra reúne pesquisa que realizou ao longo de duas décadas sobre as motivações, origens e desenvolvimentos das coleções que se tornaram visíveis graças a um processo de musealização que revelou uma plêiade de artistas, cuja produção insuspeitada trouxe uma riqueza que impactou a arte moderna ocidental e continua impactando a sensibilidade de um número cada vez maior de admiradores.

Nise da Silveira

Nise da Silveira (1905–1999), alagoana, foi uma psiquiatra pioneira que transformou o tratamento da saúde mental no Brasil. Primeira mulher em sua turma na Faculdade de Medicina da Bahia, rejeitou práticas violentas como eletrochoque e lobotomia, apostando em abordagens humanas baseadas no afeto e na expressão artística. Fundadora do Museu de Imagens do Inconsciente, valorizou a arte como caminho de cura e autoconhecimento, tornando-se referência na defesa da dignidade e inclusão das pessoas com sofrimento psíquico.

Serviço:

[Oficinas] Nise, uma Psiquiatra Rebelde (dia 26/11, das 10h às 12h30) e Conhecendo o Mundo Interior (26/11, das 19h às 21h30).

Duração de cada atividade: 150 min

Público-alvo: Universitários, Pesquisadores, médicos, usuários e profissionais do CAPs, artistas

Classificação: Livre

Vagas: 180 vagas cada oficina

Inscrições Gratuitas

[Lançamento] livro “Do Asilo ao museu – Nise da Silveira e as coleções da loucura”

Autor: Eurípedes Junior

Data/hora: 27/11, às 18h

Entrada gratuita