No
próximo dia 20 de fevereiro de 2025, às 19h, o Espaço Cultural Unifor será o
cenário da abertura de duas exposições que celebram a memória, a identidade e o
poder da arte como narrativa e resistência: “Imagens em Trânsito: Memória,
Fotografia e Identidade”, da fotógrafa cearense Delfina Rocha, e “Um Oceano
Dentro de Mim”, da fotógrafa performática e poeta Jane Batista. Integrando o
projeto Trajetórias Artísticas Unifor, iniciativa da Fundação Edson Queiroz, as
mostras reiteram o compromisso da instituição em valorizar a produção de
artistas cearenses e estreitar laços com o público.
Para
Lenise Queiroz Rocha, presidente da Fundação Edson Queiroz, as exposições
reafirmam o papel da arte como um meio de conexão e reflexão. “Essas mostras
não apenas destacam o talento e a sensibilidade de Delfina Rocha e Jane
Batista, mas também nos convidam a refletir sobre nossas próprias histórias,
territórios e identidades. É motivo de orgulho para a Fundação Edson Queiroz
proporcionar um espaço onde a arte possa ecoar e inspirar, celebrando a memória
e a resistência que habitam em todos nós”.
Professora
Adriana Helena Moreira, vice-reitora de Extensão e Comunidade Universitária da
Unifor, complementa: “O projeto Trajetórias Artísticas é uma iniciativa
transformadora, que não só fomenta a produção artística cearense, mas também
contribui para a formação de novos públicos e para o fortalecimento da cultura
no Ceará. A Fundação Edson Queiroz reafirma, com essas mostras, seu compromisso
em apoiar a arte como agente de transformação e reflexão”.
Com
visitação gratuita, as exposições serão abertas ao público no dia 21 de
fevereiro e podem ser conferidas até 29 de junho de terças a sextas, das 9h às
19h, e, aos sábados e domingos, das 12h às 18h, nas galerias térreas do Espaço Cultural
Unifor.
Viagem
pela arte e pela memória
Em
“Imagens em Trânsito”, Delfina Rocha conduz os visitantes por um mergulho em
sua produção autoral, fruto de mais de oito anos de pesquisa sobre as camadas
da memória, do tempo e da identidade. A exposição reúne obras de séries como
Dez Noventa, Pérolas aos Porcos e Lampejos, além de investigações recentes que
envolvem diálogos com a inteligência artificial. O público encontrará esboços,
anotações, fotografias e instalações que revelam os processos criativos da
artista.
“Meu
processo criativo tem sido atravessado pela necessidade de descondicionar o
olhar das vivências anteriores. Em meu trabalho, combino elementos variados,
como fotografias de álbuns de família, arquivos, vídeos e escrita, que se
entrelaçam para dar forma às minhas reflexões. O foco das minhas pesquisas é o
tempo e o espaço, vinculados ao meu universo particular, onde o tempo deixa de
ser linear e os espaços se transformam em territórios de conflito,
impermanência e ausência. Ao me deslocar por entre essas questões, recolho
fragmentos de memórias e esquecimentos, costurando essas camadas e construindo,
assim, minha poética artística”, explica Delfina Rocha.
Já em
“Um Oceano Dentro de Mim”, Jane Batista aprofunda seu olhar autoral ao explorar
as conexões entre identidade, território, memória coletiva e afetos. Piauiense
radicada no Ceará, a artista autodidata constrói um relato imagético
profundamente vinculado à sua vivência no Titanzinho, região de Fortaleza onde
reside.
Utilizando
a câmera do celular como principal ferramenta, Jane cria imagens que
transcendem o documental, fundindo performance e narrativa visual para
questionar as representações hegemônicas: “Minhas imagens falam sobre valorizar
os momentos, as pessoas, a natureza e o lugar onde vivo, estamos sobrevivendo
às mudanças e vamos continuar sobrevivendo. É nesse espaço, com minhas raízes,
meu filho e as alegrias simples do dia a dia, que encontro força para continuar
sonhando. Vejo as crianças brincando felizes na beira da praia, sem se
preocupar com o amanhã, e a alegria dos pescadores, que após um árduo trabalho,
celebram uma rede cheia de peixe. Essa é a beleza da vida, que se manifesta em
pequenos gestos e momentos que, embora passageiros, nos conectam à força de
nossa existência. Que possamos nos olhar com mais afeto." relata a
artista.
A
construção das exposições
Os
processos curatoriais, conduzidos por Alexandre Sequeira em “Imagens em
Trânsito” e Aldonso Palácio em “Um Oceano Dentro de Mim”, oferecem ao público
uma experiência imersiva e cuidadosamente elaborada.
Em
“Imagens em Trânsito”, a expografia, assinada por André Scarlazzari, reflete as
múltiplas camadas da memória que permeiam o trabalho de Delfina Rocha. “Vistas
separadamente como unidade estável, cada imagem que a artista convoca se
apresenta como um universo singular, mas, se compreendidas numa repetição de
imobilização, maneira de pôr em movimento, revelam uma estranheza capaz de
multiplicar seu próprio aspecto”, afirma Alexandre.
Com
curadoria de Aldonso Palácio, “Um Oceano Dentro de Mim” apresenta diálogos
sensíveis entre o olhar de Jane Batista para si mesma e para o seu território
do Titanzinho. “As aproximações sugeridas entre os auto retratos de Jane e suas
fotografias de seres, paisagens e pessoas do território do Titanzinho travam
uma fabulação de sua própria existência inserida nas complexidades da relações
em comunidade, de suas adversidades e de suas abundâncias”, afirma Aldonso. Com
pesquisa e texto de Manoela Elias e expografia de Rafaela Leite, a mostra
apresentará 66 obras fotográficas produzidas entre 2022 e 2024, além de um
vídeo inédito e poesias que permeiam o percurso expositivo.
Encontro
com os artistas
Além
das inaugurações, o público terá a oportunidade de participar de uma palestra
com os artistas e curadores no dia 25 de fevereiro, às 9h30, no Núcleo Diálogos
do Espaço Cultural Unifor. Esse momento será uma chance de conhecer mais sobre
os processos criativos e o significado das obras apresentadas.
Mais
sobre as artistas
Delfina
Rocha
Nascida
em Fortaleza, Delfina Rocha é fotógrafa autodidata e bacharel em Filosofia.
Teve seu primeiro contato com a prática da fotografia ao montar, no início da
década de 80, um pequeno laboratório para revelar e copiar filmes em preto e
branco. Foi assistente do pioneiro fotógrafo Chico Albuquerque durante quatro
anos. Transferiu-se para o Rio de Janeiro em 1987, e passou a trabalhar como
fotógrafa de publicidade e como fotógrafa de cena para cinema, colaborando em
produções como A Bela Palomera, Luzia Homem, Vai Trabalhar Vagabundo II, Os
Trapalhões, Super Xuxa Contra o Baixo Astral, entre outros. Em 1993, retornou a
Fortaleza, onde abriu seu estúdio voltado para o mercado publicitário e
editoriais de moda.
Após
30 anos dedicados à fotografia comercial, retomou os estudos, participando de
diversas formações, grupos de estudo sobre a imagem contemporânea e a prática
da fotografia autoral, onde questões como memória, pertencimento, identidade,
tempo e espaço permeiam suas produções. Em 2019, passou a integrar o coletivo
Sol para Mulheres e o grupo de estudos Imagem é Pensamento.
Participou
de diversas exposições coletivas e individuais no Brasil e no exterior, tendo participado
da 22ª edição da Unifor Plástica, que teve como tema Afinidades Eletivas.
Conquistou diversos prêmios entre os quais destacam-se: Prêmio Menção Honrosa
no PIA - Print Industries of America nos Estados Unidos em 2004 com a
publicação “Sabores e Saberes do Ceará”; Prêmio Melhor Fotógrafa no Festival de
Moda de Fortaleza - FMF em 2008; e o 1º lugar na categoria Multimídia no
Festival Internacional de Fotografia - FestFoto no Rio Grande do Sul em 2024.
Jane
Batista
Nascida
em 1975 em Piripiri, no Piauí, Jane Batista vive e trabalha em Fortaleza. A
artista é fotógrafa performática e poeta de origem afro-indígena. A partir de
experimentações com o autorretrato ela inaugurou uma forma de expressão e um
lugar de refúgio para suas fantasias, seus medos e sonhos.
Ao
fotografar Jane Batista utiliza principalmente seu corpo como linguagem e se
apropria de objetos do ambiente doméstico, alimentos e outros elementos
aparentemente comuns que a cercam, criando um jogo poético de revelação de sua
realidade e das inúmeras possibilidades de si mesma.
Além
dos autorretratos, Jane também captura paisagens e cenas do dia a dia, tecendo
histórias imagéticas que evidenciam os vínculos entre território, identidade e
afeto. Para a artista, essa prática é uma forma de não silenciar e de desafiar
os julgamentos que recaem sobre vozes e corpos femininos, negros e periféricos,
transformando sua expressão em um meio de reexistência.
Jane
Batista integra, desde 2020, o grupo de mentoria e estudos "Sol Para
Mulheres" para fotógrafas e artistas visuais, liderado por Patrícia
Veloso. Seu trabalho já foi apresentado em exposições individuais e coletivas
no Ceará, em Pernambuco, São Paulo e em Nuremberg, na Alemanha. Jane participou
de três publicações: Fotoescritos do Confinamento, Rio de Janeiro - RJ, 2021;
Dizer o Silêncio, Fortaleza - CE, 2023; e Uma outra de si mesma, São Paulo -
SP, 2024. Em 2023, foi homenageada na Câmara Municipal de Fortaleza em alusão
ao Dia da Fotografia.
Fusão
entre o popular e o erudito
Na
noite do dia 20 de fevereiro, será inaugurada também a mostra “Armorial 50”.
Após encantar mais de 420 mil visitantes em diversas cidades brasileiras, a
exposição chega ao Espaço Cultural Unifor, em Fortaleza, encerrando sua
temporada no Nordeste. A mostra celebra cinco décadas do Movimento Armorial,
criado por Ariano Suassuna (1927-2014), que uniu as matrizes populares e
eruditas da cultura brasileira em uma expressão artística autêntica e
inovadora. Com patrocínio oficial da Petrobras, realização do Ministério da
Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, “MOVIMENTO ARMORIAL 50
ANOS” conta com a idealização de Regina Rosa de Godoy, curadoria de Denise
Mattar e consultoria de Manuel Dantas Suassuna e Carlos Newton Júnior.
Ocupando
todo o segundo andar do Espaço Cultural Unifor, a exposição "Armorial
50" convida o público a uma imersão profunda e enriquecedora no universo
do Movimento Armorial. A programação diversificada inclui espetáculos musicais
que exploram a sonoridade única do movimento, debates instigantes sobre seu
legado cultural, e atividades interativas que conectam o público às suas
origens artísticas. Além disso, conteúdos digitais complementam a experiência,
como um tour virtual pela exposição e uma playlist exclusiva disponibilizada em
plataformas de streaming de áudio.
Com
cerca de 140 obras de artistas como Ariano Suassuna, Francisco Brennand, Gilvan
Samico e J. Borges, muitas delas provenientes de coleções particulares e
instituições renomadas, "Armorial 50" é mais que uma exposição — é
uma celebração cultural inesquecível.
Serviço
Trajetórias
Artísticas Unifor: Delfina Rocha – “Imagens em Trânsito: Memória, Fotografia e
Identidade” e Jane Batista – “Um Oceano Dentro de Mim”
Local:
Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz,
Fortaleza-CE)
Abertura:
20 de fevereiro de 2025, 19h
Palestra
com artistas e curadores: 25 de fevereiro, 9h30, Núcleo Diálogos (piso superior
do Espaço Cultural Unifor)
Exibição:
21 de fevereiro a 29 de junho de 2025
Visitação
gratuita: de terças a sextas, 9h às 19h; sábados e domingos, 12h às 18h
Armorial
50
Local:
Espaço Cultural Unifor (Av. Washington Soares, 1321, Edson Queiroz,
Fortaleza-CE)
Abertura:
20 de fevereiro de 2025, 19h
Palestra
com artistas e curadores: 21 de fevereiro, 9h30, Núcleo Diálogos (piso superior
do Espaço Cultural Unifor)
Exibição:
21 de fevereiro a 29 de junho de 2025
Visitação
gratuita: de terças a sextas, 9h às 19h; sábados e domingos, 12h às 18h
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