A
economia circular aparece como um tema recorrente quando se pensa em transição
energética. Na indústria de fontes renováveis, a discussão engloba temas como a
implementação de políticas eficientes de gerenciamento de resíduos por parte
das empresas para descarte, a reciclagem e a reutilização adequada de peças e
materiais utilizados. Nesse cenário, a Aeris Energy sediou hoje, sexta-feira
(23), na fábrica da empresa, localizada no Complexo Industrial e Portuário do
Pecém, o workshop "Reciclagem e Ciclo de Vida dos Componentes
Eólicos", realizado pela Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas
Tecnologias (ABEEólica). O evento reuniu mais de 30 executivos de grandes
empresas do setor.
Ao
longo do dia, foram discutidos temas como as políticas de ESG e Operação &
Manutenção e apresentados casos de sucesso de companhias do setor. A
programação incluiu ainda uma capacitação relacionada à reciclagem de pás
eólicas e visita à fábrica da Aeris.
“Estamos
em uma indústria que se posiciona na linha de frente na descarbonização e
transição energética. Por isso, é essencial discutir processos de reciclagem a
fim de termos a economia circular no centro da estratégia do setor.
Consideramos de grande importância sediar esse workshop da ABEEólica por ser
uma oportunidade de troca de experiências, e uma ótima ocasião para apresentar
nossas atividades a importantes players do setor”, destaca Alexandre Negrão,
presidente da Aeris Energy.
Para
Francisco Silva, diretor-técnico regulatório da ABEEólica, o Ceará foi
escolhido para a realização do evento por conta do seu histórico de pioneirismo
no mercado eólico brasileiro e mundial: “O Ceará é uma grande referência no
setor de energias renováveis, especialmente na eólica, e foi um dos estados que
despontou como um dos maiores produtores de energia eólica do Brasil a partir
dos anos 2000. Depois dele é que vimos a expansão do mercado, espalhando-se
para o Rio Grande do Norte, Bahia, Piauí, entre outros estados. Estamos em um
momento de maturidade da matriz eólica, quando nos deparamos com aerogeradores
instalados em algumas unidades eólicas cujo tempo de funcionamento se aproxima do
período de descomissionamento (encerramento de atividades e desmontagem) de
equipamentos. Nosso encontro trouxe discussões e apresentou o que vem sendo
pesquisado e implantado de alternativas para a reciclagem de equipamentos
utilizados nas usinas eólicas”, reforça Silva.
Empresas
participantes
Além
da ABEEólica e da Aeris Energy, estiveram no workshop representantes da Aliança
Energia, Applus, Bons Ventos da Serra 2, Echoenergia, Elera Renováveis,
Eletrobras, Energimp, Engie, Gerdau, Ibitu, Neoenergia, Pontal Energy,
RioEnergy, Senai do Rio Grande do Norte, Serena Energia, Serveng Energia,
Sowitec, Statkraft, Ventos de São Zacarias, Voltalia e WEG. Os cases
apresentados foram:
WEG:
Recuperação de grandes componentes;
Creation/UFRN:
Reciclagens no mundo e no Rio Grande do Norte.
Um dos
destaques do dia foi a palestra da professora do Instituto Federal de
Pernambuco (IFPE) Juliana Lucena, que abordou o tema “Tecnologias de reciclagem
de pás eólicas”, de grande relevância para a indústria eólica: a busca por
soluções sustentáveis para o destino das pás, sejam elas oriundas de sobras de
produção, resultantes de sinistros de parques em operação ou quando chegam ao
fim de sua vida útil.
Lucena
apresentou uma visão geral da composição das pás eólicas, com destaque para
seus materiais constituintes, as tecnologias atualmente disponíveis para
reciclagem e os principais desafios futuros enfrentados pelo setor. O objetivo
foi ampliar a compreensão técnica sobre o ciclo de vida das pás e promover uma
reflexão sobre inovação, sustentabilidade e economia circular — pilares
fundamentais para o avanço da energia eólica como uma fonte responsável e
eficiente.
“São
muitos desafios para a reciclagem de pás eólicas, começando pelas tecnologias
que já existem. Muitas delas, ainda em escala laboratorial e, por isso, ainda
são tecnologias caras. Nós temos esse desafio de aprimorar essas tecnologias
existentes para tentar ter um ganho de escala e baratear esse processo.
Acredito também que é importante fortalecer a parceria da indústria com os
centros de pesquisa, por meio das universidades e institutos federais. Hoje a
solução mais prática é o aterro, mas temos um material muito rico em
propriedades. É um desperdício muito grande colocar esse material em aterros,
se a gente pode dar uma segunda vida ou fazer uma reciclagem, seja ela mecânica
ou até mais complexas, que vão envolver processos térmicos e químicos”,
ressalta a professora.
Reciclagem
de componentes eólicos
Sobre
o tema central do encontro, o diretor da ABEEólica, Francisco Silva,
compartilhou informações valiosas do que se tem feito no Brasil e no mundo
acerca da reciclagem dos componentes eólicos.
“Nós
temos, há muitos anos, um grupo que discute a operação e manutenção de parques
eólicos. Começamos a vislumbrar que, justamente em função da maturidade que a
fonte vai ganhando ao longo do tempo, as discussões relacionadas à operação e
manutenção se tornaram fundamentais. E mesmo reciclagem. O que você faz, por
exemplo, com uma pá eólica gigantesca? Cada pá pode funcionar por até 25 anos.
O que você vai fazer com isso no momento em que você a retira do parque? Essa é
a grande discussão do nosso encontro hoje. A reciclagem não só de pás, mas de
todo o equipamento. Com relação às pás, a gente já tem uma utilização muito
grande dentro da construção civil. Ela é desmontada, triturada e esse insumo é
utilizado em materiais compostos dentro da construção civil. Mas temos outras
partes, como a torre, que, muitas vezes, é de concreto e aço; temos a Nacele, a
estrutura no topo da torre. São para essas discussões que trouxemos
especialistas aqui hoje para conversar. As empresas também estão trazendo
experiências para esse debate e é nessa troca que a gente consegue grandes
evoluções para o mercado. Já temos algumas soluções de cunho comercial,
empresas ganhando dinheiro com reciclagem de equipamentos eólicos. Temos muito
espaço para quem desenvolver soluções neste âmbito”, finaliza Silva.
Dados
relevantes
A
energia eólica onshore ocupa o segundo menor nível de emissão de CO₂ ao longo de sua cadeia
produtiva, segundo o Energy Institute, da Universidade do Texas. Mesmo com
baixo “footprint” (impacto ambiental de uma empresa ou produto), a indústria
investe em reuso e P&D&I (Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação) para
destinar os materiais utilizados no setor.
Conforme
as normas internacionais (IEC 61400-1), recomenda-se que o projeto de um
aerogerador tenha vida útil mínima de 20 anos.
As pás
podem ser desmontadas para reutilização – Este procedimento envolve uma
inspeção de todas as partes. Após a retirada dos equipamentos, todos os
componentes deverão ser acondicionados adequadamente e preservados. E pode ser
reutilizado futuramente em outro site.
Outra
destinação para as pás é a trituração e confecção de granulados que podem ser
usados em pisos, paletes e tubulações. Após a trituração, adição de adesivos e
compressão, os resíduos das pás podem gerar painéis resistentes a fogo e
umidade - devido à presença da fibra de vidro -, ideais para o uso na
construção de prédios comerciais e industriais.
Aproximadamente
90% dos materiais de um aerogerador e seus componentes podem ser reciclados. O
aço, o cobre e outros metais, que compõem o maior volume de uma turbina, podem
ser reciclados e a maioria das partes elétricas e metálicas são recicladas.
Mais
sobre a Aeris Energy
A
Aeris Energy é uma empresa brasileira líder na fabricação de pás e serviços
para aerogeradores na América Latina e uma das maiores produtoras no mercado
mundial. Fundada em 2010 por um grupo de engenheiros oriundos do setor de
aeronáutica, a empresa atua em uma localização estratégica no Nordeste
brasileiro, com três unidades fabris no município de Caucaia, Ceará, na área do
Complexo Industrial e Portuário do Pecém.
A
Aeris Energy foi fundada para atender à crescente demanda por soluções
sustentáveis no mercado de energia. A empresa conta com uma equipe de alta
performance, que executa processos com simplicidade, permitindo um ambiente de
trabalho seguro e limpo, tendo como objetivo a alta qualidade, a eliminação de
desperdícios e a satisfação dos clientes.
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